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domingo, 27 de março de 2011

Filme: TRON- O Legado

Admito que fiquei com medo de assistir esse filme. Minha expectativa era grande, mas o excesso de críticas ruins me fez adiar a apreciação do filme até agora. 

E, justiça seja feita, TRON: O Legado (TRON: Legacy, 2010) dirigido pelo estreante Jospeh Kosinski, não é um filme ruim.

7 anos depois de sua aventura no mundo virtual (retratada no filme de 1982), o programador Kevin Flynn (Jeff Bridges) desaparece misteriosamente deixando sua empresa ENCOM e seu filho Sam Flynn (Garrett Hedlund) ao julgo do destino. Passados 20 anos desde seu desaparecimento, seu amigo Alan (Bruce Boxleitner) recebe uma mensagem eletrônica e avisa Sam que o pai pode estar vivo.

O jovem Flynn vai ao antigo fliperama do pai e é transportado para o mundo virtual onde descobrirá uma conspiração do programa CLU (um jovem Jeff Bridges) para tomar de assalto o mundo virtual e até o real.

Roteirizado a quatro mãos por Edward Kitsis e Adam Horowitz, responsáveis por vários episódios da série LOST, o filme tem uma trama bem estruturada em termos de filme de ação, porém bastante superficial dada às implicações que a existência de um mundo virtual praticamente independente poderia trazer. 

O primeiro filme foi uma verdadeira revolução digital pelo pioneirismo no uso de computação em larga escala em sua pós-produção e fez bastante sucesso por isso, mas também compartilhava do mesmo problema de roteiro. O que não foi grande coisa na época já que o mundo computadorizado apenas começava a ser explorado no cinema.

Hoje em dia, com tantas produções sobre mundos virtuais já produzidas (vide Matrix e outros), esse TRON: O Legado já chega datado por seu roteiro que se preocupou mais em homenagear o filme de 1982 do que situar a trama num mundo mais palpável.

Apesar disso consegue empolgar na atuação de Jeff Bridges em três papéis bastante distintos: o empreendedor Kevin Flynn de 1989, o invejoso vilão CLU e o quase “mestre-zen” do Kevin Flynn atual.

Boa composição do ator que, ajudado por seu rejuvenescimento digital, cativa em todas as cenas que aparece.

Grande fase de Bridges, que tem tido várias indicações a prêmios nos últimos dois anos, inclusive ganhando o OSCAR em 2010 por outro filme.

Outro ponto empolgante é a trilha sonora da dupla francesa Daft Punk que, emulando sons eletrônicos dos anos 1980, consegue criar músicas que homenageiam a trilha original e concebem perfeitamente a emoção de cada cena.

Prato cheio não só pra quem gosta de música eletrônica, mas também pra quem viveu a época homenageada. 

Mas o principal mesmo é o visual do filme.

Atualizando os efeitos do primeiro, esse filme impressiona bastante pela paleta de cores escolhida, por rejuvenescer as cenas de ação do filme anterior e por criar muitas novas seqüências computadorizadas na pós-produção.

Seqüências que, se não se destacam pelos detalhes ou pelo nível de computação gráfica utilizada, causam um grande impacto visual no espectador.

Um bom filme de ação, que apesar do roteiro fraco, se destaca pela atuação de seu protagonista, pelos efeitos e pela empolgante trilha sonora com apelo oitentista.

Não é uma maravilha da sétima arte, mas valeria o ingresso pra ver no cinema.

Recomendado.
Valeu!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Livro: Crônicas do Mundo Emerso 1 - A Garota da Terra do Vento

A Fantasia é um gênero literário que após um período de baixa voltou com força total no final dos anos 1990 com o sucesso de livros como Harry Potter e versões em filme de O Senhor dos Anéis

Desde então surgem a cada dia novos autores que almejam alcançar apenas metade do sucesso de J.K. Rowling e J.R.R. Tolkien

E com essa verdadeira avalanche de novos títulos, trilogias e infindáveis séries nas livrarias, até agora pouquíssimos conseguiram. Principalmente devido a qualidade extremamente duvidosa desses novos textos.
 
Não é o caso da italiana Licia Troisi, formada em Astrofísica, que publicou em 2004 o primeiro dos livros da trilogia Crônicas do Mundo Emerso - A garota da Terra do Vento (320págs.) lançado pela Editora Rocco em 2006 aqui no Brasil. 

Nihal é uma menina de 12 anos que quer ser uma guerreira. Sempre se destacou pela força e resistência, sem falar nos cabelos azuis, orelhas pontudas e olhos cor de violeta. Morando na cidade-torre de Salazar, uma das maiores da Terra do Vento, ela foi criada desde bebê pelo ferreiro Livon, mestre em confecção de armas e veterano de muitas batalhas. 

O que ela não imagina é que é a última semi-elfa viva no Mundo Emerso (um continente com nove terras habitadas), e seu desejo de lutar vai levá-la a conhecer magos e ninfas, cavalgar com cavaleiros-dragão, viajar pra terras distantes, descobrir suas origens e perder entes-queridos. Tudo isso antes de conseguir, com muito custo, ser treinada como guerreira e vislumbrar o mal que a guerra faz. 

Guerra essa movida pelo misterioso Tirano, que ao conquistar a Grande Terra (o território central do continente) com seu exército alguns anos atrás, se move sistemática e violentamente por outras terras destruindo e matando tudo que se opõe a ele.

Mapa original da autora
Com uma construção de mundo digna de um Tolkien (com direito a mapa do continente e tudo), a autora se inspira no mestre em vários momentos pra redigir sua trama. Não dá pra ler sobre o Tirano e não lembrar de Sauron, por exemplo. 

Mas ela acaba se distanciando do autor de Senhor dos Anéis ao não dar tanta ênfase a descrições (extremamente) detalhadas de ambientes e focar mais na ação.

Isso acaba sendo um ponto bastante positivo, pois dinamiza a narrativa que pode ser assimilada rapidamente sem perda de entendimento ou esquecimento de nomes de pessoas ou lugares da história.

E mesmo com uma trama um pouco batida, em que seis anos se passam do início ao fim do primeiro volume, a autora consegue inovar principalmente ao trazer uma personagem feminina como centro da narrativa.

Nihal foi criada por um homem e sempre viveu no meio masculino, criando uma espécie de defesa psicológica desenvolvendo jeito, sonhos e irascibilidade de menino, mas conforme cresce vai descobrindo sua própria fragilidade

Não são raros os momentos em que chora, mas sempre depois de lutar, enfrentar desafios e se provar pros outros e pra si mesma.

Ela termina esse primeiro livro aos 18 anos e, depois de matar muitos Fâmins (uma espécie de ogro ruivo criado pelo Tirano), acaba tendo um vislumbre de sua própria feminilidade.

Essas primeiras Crônicas são compostas de três livros que aparentemente (já que ainda não li outros) fecham a história de Nihal, mas a série é um sucesso tão grande na Itália que Licia Troisi já escreveu mais duas trilogias que se passam nesse mesmo universo enfocando personagens e épocas diferentes.

Outro indicador de seu sucesso são as adaptações em quadrinhos do livro lançadas pela Panini Editora na Itália e o jogo de computador baseado na história de Nihal sendo desenvolvido atualmente. (Mais detalhes em http://www.cronachedelmondoemerso.it/home)

Um belo estudo de personagem inserido numa trama de fundo fantasioso e medieval é o que esperar desse primeiro volume.

Fiquei com muita vontade de ler os próximos.

Recomendado!

Valeu!

Ps.: Pra quem quiser saber mais sobre a série:
Site especial da Rocco pros livros (em português): http://www.mundoemerso.com.br/
Site oficial da autora (em italiano e inglês): http://www.liciatroisi.it/
Blog de fã com quadrinhos e várias informações (em português): http://mundoemersobr.blogspot.com/

quinta-feira, 17 de março de 2011

Filme: Bruna Surfistinha

Tirando uns pequenos problemas com drogas, deve ser fácil ser uma garota de programa. 

É o que concluí após a sessão de Bruna Surfistinha (2011), primeiro longa-metragem do diretor Marcus Baldini.

O filme é baseado no livro O Doce Veneno do Escorpião, best-seller de 2005 onde a ex-garota de programa Raquel Pacheco (que ficou famosa em 2004 por criar um blog de histórias de clientes) conta parte de sua trajetória, motivações e curiosidades de programas que fez como a prostituta Bruna Surfistinha.

Estruturado de forma episódica, o filme mostra Raquel (Deborah Secco) antes de ser prostituta, entrando pra “vida”, aprendendo a profissão, montando seu flat, conhecendo as drogas, criando o blog, fazendo sucesso e sendo dominada pelas drogas até se esgotar.

Apesar de conseguir divertir em muitos momentos, o roteiro peca por não detalhar a motivação dos personagens. 

A voz de Deborah Secco narra boa parte da história, mas mesmo assim depois que você sai do cinema fica com dificuldade de lembrar porque ela começou a ser prostituta.

Existe até um esboço de explicação que não é desenvolvido (como a indiferença do pai e o ódio do irmão), sendo sumariamente abafado por outros aspectos.

Aspectos esses que ele aborda melhor, como a diversidade de clientes, o relacionamento entre as prostitutas, as dificuldades da carreira e o malefício das drogas.

Além da falta de motivação, outro aspecto negativo é que, mesmo tendo o sexo como pano de fundo, o filme pouco menciona a questão da responsabilidade sexual, as paixões das prostitutas e gravidez indesejada além de ignorar completamente qualquer tipo de DST.

Ou seja, tirando um ou outro sonho, aspiração ou problema com droga, o filme apresenta um olhar bastante machista sobre o assunto visto que as garotas de programas do filme são quase robôs sexuais, transando muito e praticamente sem reclamações.

Sem falar na parte final que lembra aquelas histórias de ascensão-queda-retorno como se a personagem fosse algum tipo de artista, político ou mesmo estrela da música que aprende a lição e muda completamente no fim, o que não ocorre aqui, afinal ela tem uma meta a cumprir.

O que salva o filme é sem dúvida o elenco muito bem escolhido com atores talentosos ou ao menos carismáticos que mantém os olhos do espectador pra tela. 
 
Deborah Secco está lindíssima como Bruna Surfistinha e sua transformação de adolescente tímida a mulher-fatal é bastante admirável. Belo trabalho de composição da atriz que, mesmo com tantos problemas de roteiro, consegue tornar o filme assistível. 

Atuação elogiosa também de Cássio Gabus Mendes, que como Huldson, consegue fazer milagres pelo papel pouco desenvolvido.

Mas o destaque mesmo vai pra Drica Moraes, como a cafetina Larissa, que rouba sempre as cenas em que aparece com suas expressões e jeito de falar bem peculiares, conseguindo imprimir realidade e profundidade a uma personagem escrita no limite do cartunesco. Uma atriz acostumada com comédias que merecia mais papéis dramáticos no cinema.

O filme ainda tem uma boa direção de fotografia que faz questão de mostrar os corpos nus tanto das garotas quanto dos homens em diferentes posições e modalidades sexuais em eterno contraste entre o belo, o feio e o aceitável.

Um filme bastante razoável cujo roteiro funciona melhor como pequenas anedotas episódicas e falha como narrativa longa, sendo salvo pelo talento e carisma dos protagonistas que carregam o filme nas costas.

Valeu!

sábado, 12 de março de 2011

Animação: Rango

Ótimo faroeste + Boa comédia + Bela animação infantil = Rango (2011), o novo filme do diretor Gore Verbinski, responsável pela franquia Piratas do Caribe, e a primeira animação em longa metragem produzida pela IL&M, produtora de George Lucas, o criador de Star Wars.

Rango é um solitário camaleão doméstico com aspirações a dramaturgo e ator que sofre um acidente de carro e acaba perdido no meio do deserto de Nevada. Vai parar na cidadezinha de Poeira, onde outros animais vivem no estilo do velho oeste e, numa tentativa de re-inventar, se torna o xerife da cidade, que sofre com políticos corruptos, criminosos violentos e, principalmente, a falta de água.

O roteiro de John Logan é redondinho e segue a cartilha das animações infantis a risca com a jornada do herói cheia de personagens marcantes. Surpreende por conseguir integrar as piadas e homenagens (que não são poucas) de forma orgânica à narrativa, ou seja, não há desvio na trama principal somente para uma única piada como é feito em várias comédias populares da atualidade.

Outro ponto importante é o texto, bem mais elaborado que o de animações infantis comuns, o que soa como um elemento coringa no filme, podendo conquistar mais adultos do que crianças.

O fato de Rango ser um aspirante a ator, por exemplo, rende um ótimo momento metalingüístico no início do filme que provavelmente pouquíssimas crianças entenderão.

Caracterização perfeita que abusa de cores sóbrias nos rostos sujos e roupas surradas no primeiro ato para ilustrar belamente a dificuldade passada pelos habitantes da cidade, que acabam entrando em contraste com o tom vivo das roupas e pele de Rango e mudando gradativamente a paleta de cores conforme o filme avança.

A animação, muitíssimo bem trabalhada, impressiona absurdamente no nível dos detalhes de cada personagem. É possível, por exemplo, ver cada ruga da tartaruga Prefeito ou cada pêlo no rosto do coala Seu Colher, só pra citar alguns exemplos.

Os detalhes impressionam tanto que, ao final da sessão é inevitável que se pense que, fazendo algumas adaptações, a animação funcionaria muito bem com seres humanos no lugar de animais.

A fotografia ajuda muito nesse sentido. Destaque para as cenas de cavalgada sob o Sol ou sob a Lua ou mesmo aos enquadramentos em horas de crepúsculo. Todas grandes homenagens aos antigos faroestes.

Voltando as homenagens, elas estão por todo o filme e vão desde aparições do jornalista Hunter S. Thompson e do ator Clint Eastwood, passando pela caracterização dos vilões (imagens cuspidas de John Houston e Lee Van Cleef), até o toque da Cavalgada das Valquírias na seqüência de perseguição com morcegos.

A trilha sonora é um caso a parte, toda trabalhada em clássicos de faroestes italianos, favorece bem a tensão e expectativa de cada cena. Extremamente empolgante!

Uma grande animação da IL&M que, com o olhar sensível de Verbinski, pode conquistar crianças e, principalmente, a adultos com suas várias referências a faroestes e comédias antigas muitíssimo bem adaptadas a realidade atual.

Recomendado!

Valeu!
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