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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Seriado: Parks and Recreation

A moda dos Mockumentários (documentários falsos) definitivamente tomou a televisão. Eles ganham cada vez mais espaço como séries regulares da grade americana.

Uma que me encantou recentemente é a simpática Parks and Recreation (NBC/Sony, 2009-2011) que apresenta ao público o trabalho dos funcionários do departamento de Parques e Recreações da fictícia cidade de Pawnee, Indiana, no meio-oeste americano.

Liderada pela cativante diretora-adjunta Leslie Knope (Amy Poehler), a série acompanha o dia-a-dia do departamento povoado com personagens tão estranhos e avessos a trabalho quanto os de sua série irmã, The Office (que teve duas temporadas curtas de sucesso na Inglaterra e que já está na sétima temporada na adaptação americana).

A história começa quando o músico Andy Dwyer (Chris Pratt) cai num imenso buraco num terreno baldio atrás de sua casa e sua namorada enfermeira Ann Perkins (Rashida Jones) vai numa audiência pública propor uma alternativa pra tirar o buraco dali. É a chance que Leslie esperava pra construir seu primeiro parque e fazer com que seu trabalho tenha diferença pra sociedade. E é claro que ela vai agarrá-la com todas as forças. Azar de seus colegas de trabalho do departamento de Parques. 

Leslie é sem dúvida a alma da série e já rendeu a sua intérprete alguns prêmios e várias indicações. A insistência da personagem em fazer um serviço público de qualidade em contraste com a pouca empolgação de seus colegas de trabalho dão uma engraçadíssima dinâmica às tramas. 

A personagem foi tão bem interpretada pela comediante Amy Poehler que a ingenuidade demonstrada por ela nos primeiros episódios logo foi diminuída pelos roteiristas em episódios posteriores que, exaltando mais sua inteligência, demonstraram um belo trabalho de desenvolvimento da personagem.

Organizada, cheia de iniciativa, otimista, inteligente, feminista e meio ingênua, Leslie é cercada de gente que não quer deixá-la trabalhar:

- seu sarcástico assistente Tom Haverford (Aziz Ansari);

- o atrapalhado, e mais zoado do departamento, Jerry Gergich (Jim O´Heir);

- a preguiçosa e soturna estagiária adolescente April Ludgate (Aubrey Plaza);


- e até mesmo seu chefe, o bigodudo Ron Swanson (Nick Offerman), o diretor do departamento que, apesar de trabalhar nele, sempre declara não acreditar no serviço público.

Sua estrutura de documentário dá um tom todo especial a série, que difere de outras sitcoms americanas por conter depoimentos de personagens pra câmera (que quase sempre são o inverso do que acontece na realidade), a quase ausência de trilha sonora e completa ausência de claques (aquelas risadas de fundo), o que pra mim já conta como grande ponto a favor dos mockumnetários.

Sem falar no constrangimento duplo que os personagens sofrem ao passar por situações inesperadas sabendo que tem uma câmera os filmando.

A série tem atualmente três temporadas, sendo que a terceira ainda está no início da exibição nos EUA. A primeira temporada foi experimental e teve apenas seis episódios, como as séries inglesas, mas a segunda já teve os 24 episódios de praxe das séries americanas. Aqui no Brasil, o canal Sony ainda exibe a segunda.

Uma série simpática e engraçadíssima, cheia de momentos de “vergonha alheia”, que lida com o dia-a-dia de típicos funcionários públicos, iguais nos EUA, no Brasil e em qualquer lugar.

Recomendado!

Valeu!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Filme: Zumbilândia (2009)

Ninguém mata zumbis como Woody Harrelson

É o que se conclui ao final da sessão de Zumbilândia (Zombieland, 2009), filme do diretor estreante Ruben Fleischer.

Depois que um apocalipse zumbi tomou o mundo algumas regras são necessárias pra sobreviver nos Estados Unidos da Zumbilândia

Coração forte, cuidado nos banheiros, apertar o cinto de segurança e sempre olhar o banco de trás são algumas delas criadas e seguidas a risca por Columbus (Jesse Eisenberg), um nerd que viaja sozinho na tentativa de rever seus pais. Até que encontra Tallahassee (Woody Harrelson), que parece só querer eliminar o máximo de mortos-vivos que encontrar. Nesse meio tempo eles conhecem Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin), duas irmãs vigaristas que vão lhes passar a perna algumas vezes enquanto tentam alcançar um parque de diversões na costa do pacífico.

Roteiro expandido de um piloto de uma nunca filmada série de TV que consegue combinar ação com um pouco de drama e terror na medida certa, num plano de fundo que não se leva muito a sério e garante boas risadas. 

A idéia dos personagens serem nomeados com os nomes de suas cidades natais é, senão inédita, bem interessante, pois permite um novo começo aos personagens, que é na verdade a idéia por trás de alguns arcos dramáticos do filme. 

Os personagens são bem desenvolvidos pelo roteiro. No arco de Columbus, ele precisa aprender a se soltar enquanto Wichita precisa aprender a confiar nas pessoas. Incrivelmente até pra Tallahasse sobra algum aprofundamento na trama com a revelação inesperada de sua motivação no meio do filme.

A combinação das quatro personalidades é extremamente bem feita e na cena da viagem de carro dá pra perceber isso perfeitamente pela naturalidade passada pelos atores nos assuntos discutidos.

O diretor abusa do sangue digital e de cenas em câmera lenta pra provocar impacto, principalmente nas perseguições envolvendo zumbis, que na trama são nojentos e bem velozes.

Destaque para a matança de mortos-vivos no carrossel elevado, protagonizada por ninguém menos que Harrelson que, tirando uma velhinha e um piano no meio do filme, tem as melhores cenas de morte de zumbis na película.

Outro destaque vai para Bill Murray que interpreta a si mesmo e, apesar de ficar pouco tempo em ação, rouba cada cena que participa. O final de sua participação é bem engraçado.

Um filme leve que não vem de modo algum revolucionar a sétima arte, mas garante boas horas de diversão que cumprem o trabalho de ficar algum na memória. Uma ótima opção pro espectador que só quer clarear um pouco a cabeça.

Uma típica comédia de ação com alguns sustos e risadas que valerão bem a pena.

Valeu!

Quadrinhos: Fábulas - Noites (e Dias) da Arábia

A outra série da VERTIGO que teve uma nova edição pela Panini editora aqui no Brasil é Fábulas da DcComics que, com o perdão no trocadilho, fica cada dia mais fabulosa.

Conforme já mencionei num post anterior, a série é considerada sucessora de Sandman (série adulta de maior sucesso da editora e que ainda hoje é líder de vendas em republicações), principalmente ao misturar personagens de contos da fadas com o mundo “real” ou mundano, como as fábulas se referem a nós.

Nesse 7º volume, Noites (e dias) da Arábia, temos duas histórias. 

Na primeira, em quatro partes, finalmente vemos as fábulas árabes, que já apareceram num volume anterior, chegando ao mundo mundano pra pedir ajuda à Cidade das Fábulas, que fica disfarçada de olhares humanos num bairro em Nova York.

O embaixador é o convencido Simbad, ex-marujo, que com uma grande comitiva de servos, escravos e concubinas é hospedado nos quartos de hóspedes a pedido do príncipe Encantado, que está as voltas com as cansativas tarefas de prefeito das fábulas. O que ninguém imagina é que os árabes trouxeram com eles umas das mais poderosas e temíveis criaturas mágicas do universo, um D´jinn, ou gênio, cujo mestre parece ter planos egoístas e mortais.

A Bela e a Fera
Com a mudança do prefeito temos uma nova equipe trabalhando com ele, prato cheio pro roteirista e criador da série Bill Willingham renovar os ares desenvolvendo melhor personagens que antes eram apenas figurantes como a Bela e a Fera que assumiram o lugar de Branca de Neve (que passa um tempo na Fazenda com os filhos ) e de Bigby Lobo (que está desaparecido pelo mundo numa investigação secreta). 

Frau Totenkinder
Destaque para Frau Totenkinder, a bruxa da casa feita de doces na história de João e Maria que, tendo seus pecados absolvidos pelo exílio na Cidade das Fábulas, tem se mostrado a cada dia mais eficiente na defesa dos exilados com feitiços simples, mas bem inteligentes. É quase um Batman das Fábulas.

Willingham é um mestre em dividir a trama em várias frentes, mostrando com sucesso a continuação de eventos acontecidos em sagas anteriores ao mesmo tempo que estabelece a trama e tensão desse novo capítulo da história. É sem dúvida um grande novelista.

O desenhista Mark Buckingham, principal nome da série desde o princípio, mantém o nível da arte, sendo sua característica enfeitar o espaço entre os quadrinhos com diferentes símbolos conforme a trama se concentra em um determinado personagem.

A segunda história, em duas partes, se passa quase que inteiramente nas terras mágicas e mostra um soldado de madeira de alto posto do exército do Adversário querendo desistir de sua quase-imortalidade por amor. E as fábulas exiladas no mundo mundano podem ter problemas no futuro com essa escolha do soldado.
Rascunho de Fern

Destaque para o desenhista convidado Jim Fern que executa bem a transição entre a aparência de madeira para a de humano conseguindo passar com sucesso também o clima de contos de fada para o de conto contemporâneo da história.

Detalhe importante: no álbum anterior finalmente conhecemos a verdadeira identidade do maldoso Adversário (que hoje se intitula Imperador) e esse volume pode estragar a surpresa pra quem ainda não o conhece.

Um belo trabalho que mexe com personagens conhecidos do grande público e consegue instigar a cada nova história.

Parabéns a Panini por investir na publicação das continuações da história em um pequeno intervalo de tempo. Tomara que continue assim.

Recomendadíssimo!

Valeu!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quadrinhos: Y - O último Homem - A senha

Raramente falo de obras mais de uma vez aqui no blog, mas a continuidade e, principalmente, a qualidade dessas séries praticamente me obrigaram a escrever esse post e o próximo.

Foram lançados bem recentemente pela Panini Editora dois álbuns de quadrinhos que dão continuidade a duas das melhores sagas do selo adulto VERTIGO, da editora americana DcComics, sendo publicadas atualmente.

Y - O último homem (que já comentei aqui) está em sua terceira editora brasileira, sendo que as duas primeiras não chegaram muito longe com a saga. Seja por praticarem preços exorbitantes ou seja por falência da editora.

Esse 4º. Volume do recomeço da saga pela Panini (que já republicou os três primeiros) tem 148 páginas e apresenta as edições 18 a 23 da edição original americana.

Mostra o que seria a penúltima parte da viagem do último homem da Terra, Yorick, e suas duas acompanhantes, a doutora Mann e a agente 355, ao laboratório da doutora para investigar o porquê de Yorick e seu macaquinho Ampersand terem sobrevivido ao misterioso fenômeno que matou todos os machos do planeta. São duas histórias em três partes cada uma.

A primeira história, A Senha, começa com Ampersand ferido e precisando de cuidados mais profissionais do que a doutora Mann poderia oferecer. Como Yorick sempre se mete em confusão, a agente 355 decide deixá-lo numa cabana isolada nas montanhas com sua antiga professora e amiga, a agente 711, enquanto ela e a doutora vão procurar um hospital que possa curar o macaco. Só que a agente 711 parece ter outros planos para o jovem Yorick.

É a primeira vez na série que o sexo é efetivamente abordado, mas com o roteirista Brian K. Vaughn, nada é tão simples quanto se espera. Vaughn mergulha fundo na psiquê de Yorick, que revela traumas sexuais profundos e bastante inesperados para um personagem de quadrinhos, o que o torna bem mais real e humano do que se vinha apresentando até então. 

Ótima abordagem do roteirista afinal, todos temos um pouco de loucura e, de acordo com Freud, a maioria dessa loucura vem de traumas com relação a sexo.

Não espere nada muito sensual dos desenhos de Pia Guerra, que apesar de não decepcionar ao retratar anatomias, faz questão de mostrar os traumas do personagem de forma que eles passem essa mesma sensação pro leitor. Seu estilo é realista, simples e pouco detalhado, mas consegue dar ênfase em expressões e é mestra em desenhar gente comum, sem músculos ou muitas curvas.

Rascunho de Parlov
O segundo arco, A passagem da Viúva, mostra o trio tentando cruzar uma estrada interestadual bloqueada por um grupo extremista que acredita que o governo matou todos os homens e acha que precisa resistir impedindo a passagem de pessoas (e remédios e mantimentos) de um lado a outro do país.

É a vez da Dr. Mann revelar um pouco de sua motivação e alguns segredos em relação aos experimentos com clonagem que fazia antes de todos os homens do mundo morrerem. Nesse meio tempo somos apresentados de bom grado a episódios reais da História americana que teriam inspirado Vaughn a criar a motivação pra história.

O desenhista convidado Goran Parlov dá um show a parte imitando com sucesso o traço de Pia Guerra, mas conseguindo superá-lo em dois pontos: suas mulheres são mais curvilíneas e seu traço faz a ilusão de movimento bem mais convincente que a desenhista principal da série. Espero mais desenhistas convidados assim.

Uma ótima série adulta que surpreende positivamente a cada nova história e, como já falei na minha resenha anterior, merecia uma adaptação de respeito pra televisão. 

Alô HBO, cadê os produtores de vocês que não lêem isso?

Recomendadíssimo!

Valeu!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Filme: SteamBoy (2004)

Depois do megasucesso destruindo a Tóquio do futuro na ficção-científica Akira, o autor Katsuhiro Otomo tenta destruir a Londres do Século XIX na ficção steampunk animada SteamBoy (2004).

James Ray Steam é um rapaz inglês de 13 anos cuja genialidade como mecânico e inventor só é superada pela do pai Eddy e do avô Lloyd que estão, há bastante tempo, trabalhando numa nova invenção nos Estados Unidos. É quando algo dá errado e seu avô volta sozinho pra casa trazendo consigo a perseguição da perigosa fundação O´Hara, que quer a todo custo colocar as mãos na poderosa “Bola de Vapor” inventada por ele e seu filho no Alaska. Caberá a Ray protegê-la e impedir que a fundação O´Hara atrapalhe a Grande Exposição de 1866 em Londres.

Há mais de dez anos longe da direção em longa-metragens, Otomo assume a tarefa dupla de dirigir e co-escrever a história do garoto inventor.

Trazendo do último sucesso seu esmero na produção, Steamboy se destaca bem como uma grande produção animada, com seqüências cheias de detalhes que, segundo a lenda, levaram quase 10 anos, além do equivalente a 26 milhões de dólares para serem produzidas.

Isso é visível, principalmente nas seqüências finais onde ocorrem as batalhas dentro e fora do gigantesco castelo a vapor que sobrevoa Londres. Outro ponto interessante são as armas, canhões e aparatos voadores mostrados na história. O nível de detalhes no castelo e na própria cidade é absolutamente incrível e merece ser visto numa tela grande ou mesmo em alta definição.

O filme tem boas seqüências de ação na sua metade inicial com a fuga de Ray das máquinas a vapor da fundação O´Hara, primeiro com seu monociclo e depois pegando carona num trem, mas perde força depois.

O roteiro tenta trazer uma discussão anti-armamentista a baila, principalmente pelas palavras do avô de Ray, mas acaba sendo algo bastante superficial.

O problema acaba acontecendo depois da metade, onde a história deveria ganhar mais carga emocional e isso não acontece de forma satisfatória.

Um bom exemplo disso é o pai de Ray, Eddy, que não funciona como um vilão, não tendo a personalidade bem definida e sendo inconstante em suas decisões que não combinam com um personagem obcecado. 

Também há várias outras coisas pequenas, que colocadas juntas atrapalham a apreciação do filme:

- As motivações dos personagens são fracas e mal explicadas. 

- A menina Scarlett, mimada herdeira da fundação, fica completamente perdida na trama e, tirando uma cena descartável no final, parece servir apenas pra causar identificação com o público feminino. 

- Os constantes embates entre o pai e avô de Ray nunca são decididos.

- A seqüência final toma muito tempo de projeção sempre com uma nova e completamente descartável reviravolta que não adicionam valor nenhuma a trama principal.

- O epílogo, mostrado em cenas semi-animadas na subida dos créditos finais, parecem mais interessantes que o final do filme.

- Sem falar na verossimilhança da história que é bastante prejudicada por todos esses detalhes.

Resumindo: O tempo gasto nas seqüências de ação poderia ser melhor aproveitado no processo de desenvolvimento e aprofundamento de personagens, o que não acontece tornando a história chata na metade final.

Um filme do gênero steampunk que pode ser apreciado pela ação, pela bela fotografia e pelo grande design de produção, mas que tem um fraco aproveitamento de personagens é o que esperar de SteamBoy.

Pelo menos podemos ficar com as belas imagens e a linda estética steampunk.

Valeu!
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