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domingo, 30 de janeiro de 2011

Quadrinhos: Três Dedos - Um Escandâlo Animado

Quem é o rato mais famoso dos desenhos animados? Aposto que você não pensou muito pra obter essa resposta. 

Então aqui vai outra: por que ele fez tanto sucesso? 

Foi tentando responder essa pergunta que o quadrinista americano Rich Koslowski fez Três Dedos – Um Escândalo Animado (140págs., 2009) um álbum lançado aqui pela Gal Editora. 

Antes de tudo é necessário saber que nos Estados Unidos o polegar não é considerado um dedo e sim uma espécie de apêndice auxiliar dos quatro dedos principais, os quais (não se sabe porquê) são reduzidos a três na maioria dos desenhos animados. 

Rickey Rat foi o pioneiro que inaugurou a era de ouro das animações. Sua parceria com o cineasta humano Dizzy Walters fez dele o ator animado de maior sucesso de todos os tempos.

Mas, como todos sabem, nem tudo são flores em Hollywood e através de cenas de arquivo, fotos antigas e entrevistas, ficamos sabendo dos escândalos que permearam a carreira do ator e de seu único diretor, um homem que construiu todo um império baseado no sucesso de um rato animado.

A obra é um típico Mockumentário (documentário falso) em forma de quadrinhos que trabalha com paródias de figuras animadas que todo mundo conhece tratando-as como se fossem reais e pudessem interagir com os seres humanos ao seu bem entender.

Nesse ponto lembra muito Uma Cilada para Roger Rabbit, um filme de Robert Zemeckis produzido em 1988 que misturava atores reais com personagens animados numa comédia com jeito de filme de detetive.

Comparações terminadas aí, a HQ não é uma comédia. Ainda é uma obra de humor, porém contada num tom sério como um verdadeiro documentário. Escolha acertada do autor que acaba conquistando e divertindo o espectador por envelhecer e dar um ar de decadência aos personagens animados.

Com um narrativa linear que começa com a história de Dizzy Walters e elucida toda a trajetória dele e de Rickey, o álbum é cheio de participações especiais de celebridades do século XX e outros atores animados como Esgasguinho, Patonildo, Leon Rey e Pernalouca (pra mim a melhor participação).

Koslowski ainda consegue traduzir a personalidade das animações nas entrevistas e adaptá-las com sucesso ao mundo “real”, digamos assim.

Seu desenho é extremamente detalhista ao retratar as animações na época atual exaltando rugas, pelancas outras reentrâncias que envelheceram os personagens.

E como o álbum é todo em preto-e-branco ainda consegue exaltar mais os detalhes e é bastante competente mostrando fotos antigas que assumem um ar quase real, como se o autor simplesmente copiasse fotos verdadeiras (o que provavelmente aconteceu).

O principal escândalo da HQ é o chamado Ritual, feito por supersticiosos aspirantes a atores animados que achavam que Rickey fez sucesso por causa de seus três dedos. Já dá pra ter uma idéia, mas dizer mais que isso é estragar a surpresa pra quem pretende ler a HQ.


Uma boa HQ de humor (não-recomendada pra crianças) que funciona extremamente bem por causa de seu tom documental e por parodiar tentando dar um ar verdadeiro a personagens de nossas infâncias.

Recomendado.

Valeu!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Animê: Last Exile

O termo Steampunk foi cunhado no fim da década de 1980 pra definir histórias passadas no século XIX, mas com aparatos tecnológicos com base em vapor (daí o “steam”) e avançados demais pra época. 

Toda uma estética foi desenvolvida a partir de então e outras histórias que não se passavam no século XIX e muito menos na Terra puderam ser consideradas Steampunk por terem características do estilo. O animê (desenho animado japonês) Last Exile é uma delas.

Num mundo onde a água pura é escassa, a humanidade se abriga em cumes de montanhas e navios de guerra voadores são comuns, Claus Valca e Lavie Head são pilotos de Vanships ou Couriers (pequenos e velozes aviões de 2 lugares) que vivem de entregar mensagens e de participar de corridas na cidade onde vivem. 

Numa dessas corridas, um Courier abatido aparece de repente e o piloto, mortalmente ferido, pede que o casal assuma sua missão: levar a menina Alvis, alguns anos mais nova que os dois, até os cuidados de Alex Row, capitão do navio de guerra mais temido dos ares, o Silvana. A menina carrega consigo um grande mistério relacionado ao lendário Exílio, algo que existe dentro da região do planeta conhecida como Grande Fluxo, onde furacões e ciclones nunca cessam.

Apesar de não estar subordinado a nenhuma hierarquia militar, Alex Row navega com o Silvana em missão secreta para o imperador do reino de Anatoray, que há muito tempo está numa guerra com o reino vizinho Disith


Sua missão é tentar alcançar o Exílio para obter o segredo da tecnologia avançada da temida Guilda, uma sociedade a parte que vive em naves acima das nuvens agindo como juiz, júri e até executor para os reinos abaixo.

Essa é a sinopse mais resumida que consegui fazer pra dar apenas uma idéia da trama que permeia os 26 episódios do animê dirigido por Koichi Chigira e produzido pelo estúdio Gonzo (responsável por séries como Gantz, AfroSamurai, Full Metal Panic,  Samurai Girl e outros), que foi exibido em 2003 na TV japonesa e pouquíssimo tempo depois comprado pela TV americana.

Fugindo da tradição de começar primeiro nos mangás (quadrinhos japoneses) o desenho foi feito diretamente pra TV e apresenta um gigantesco investimento do estúdio que mesclou animação computadorizada em grande quantidade com a tradicional feita a mão. 

Ponto positivo para o trabalho dos desenhistas Range Murata e Mahiro Maeda que criaram desde talheres e objetos pequenos a cidades, figurinos e naves característicos dos três povos principais do animê. 

Tudo inspirado em estilos artísticos de países europeus no início do século XX. Segundo os próprios autores, o povo de Anatoray teve inspiração na Alemanha e os Disith na Rússia, por exemplo. Belíssimo trabalho de produção.

Como é comum nas tramas japonesas, a história começa bem simples, apresentando a dupla principal Claus e Lavie e aos poucos acrescenta outros personagens que vão se mostrando importantes e acrescentando complexidade a narrativa. 

Interessante é dizer que, como também é comum na Japão, mesmo os personagens aparentemente inócuos possuem motivações para fazerem o que fazem, ganhando profundidade e a simpatia do público conforme a história avança.
Um ponto negativo, se é que se pode dizer assim, é que os primeiros episódios gastam muito tempo na seqüência de situações que movem a trama só começando a apresentar algumas motivações, explicações ou mesmo desenvolvendo as relações entre os personagens depois de uns 7 ou 8 episódios. É quase como se os autores quisessem que o espectador se acostumasse com o mundo apresentado antes de explicar alguma coisa.

Ou seja, se você é um cara ansioso ou mesmo alguém que gosta de tudo mastigadinho esse anime não é para você. É claro que não é tão complexo e confuso quanto um Evangelion, por exemplo, mas, pra se ter uma idéia, todos os episódios são entitulados com referências a termos, movimentos ou peças do jogo de xadrez

Não existem muitas respostas óbvias na trama, que acaba se desenvolvendo numa ficção científica com colonização de planetas e terraformaçãomas fique tranquilo que tudo é explicado em algum momento do animê. 

Enquanto as respostas não vêm, existe uma grande chance de você ser conquistado e se pegar admirando o trabalho de produção, o design das naves, as emocionantes cenas de batalhas aéreas, as empolgantes corridas de Couriers (cheia de referências a Star Wars) e a simpatia dos personagens.

Um belo e instingante animê de ficção científica que se encaixa perfeitamente no gênero Steampunk e deve ser consumido pelos amantes do gênero sem moderação.

Ah! Ia me esquecendo: foi exibido aqui no Brasil pelo canal Animax em 2005 e é muito fácil de encontrar a ótima versão dublada disponível na rede.

Recomendado.

Valeu!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Filme: Amor & Outras Drogas

Toda atriz verdadeiramente talentosa tem um momento na carreira de esquecer o pudor e nos fazer felizes exibindo um pouco mais de sua intimidade por um papel. 

Algumas não dão muito certo como Leandra Leal e Paola de Oliveira (só pra citar filmes que eu já resenhei aqui), mas outras até que geram bons resultados como aconteceu com Anne Hathaway em Amor & Outras Drogas (Love and Other Drugs, 2011) do diretor  Edward Zwick.

Jamie (Jake Gyllenhaal) é um vendedor extremamente simpático e charmoso que, após ser pego com a mulher do chefe, acaba sendo demitido da loja de eletrônicos onde trabalhava. Vindo de uma família de médicos e sem vontade de terminar a faculdade, resolve aceitar a proposta do irmão de lhe conseguir um cargo como representante de indústria farmacêutica.
É trabalhando nisso que conhece Maggie (Anne Hathaway) uma jovem e alegre artista plástica que foi diagnosticada com Mal de Parkinson muito cedo. Fica logo interessado, mas Maggie só quer saber de viver relacionamentos baseados em sexo e quando Jamie começa a se apaixonar começam a aparecer os problemas.

O roteiro, escrito pelo próprio diretor com mais dois colaboradores, foi inspirado no livro Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman de James Reidy que conta os bastidores da indústria farmacêutica e do lobby feito por elas na venda de remédios com ênfase na criação do Viagra nos anos 90. 

Com uma estrutura não-convencional para comédias românticas, a trama investe bastante tempo revelando os bastidores da venda e aceitação direta de novos remédios e inova ao conseguir fazer isso sem cansar o espectador, alternando explicações e discussões relevantes com as reações engraçadas e situações inusitadas vividas por Jamie ao adentrar nesse mundo novo. 

A película ainda consegue não tomar (muito) partido na guerra não-declarada entre essas empresas e o povo.

À todo momento médicos recitam os males de remédios prescritos sem necessidade e Jamie chega até a sofrer um efeito colateral do Viagra em uma seqüência. Tudo, é claro, mostrado sem sair do tom leve e divertido do filme.

Seria bom se o roteiro conseguisse manter esse charme inesperado o tempo inteiro, mas acaba não conseguindo fugir da fórmula de comédias românticas em seu terceiro ato, apelando pra cartilha: separação-reecontro-sacrifício-reaproximação-felicidade.

É claro que até chegar nesse final cafona, o espectador provavelmente já estará cativado pela simpatia de Jake Gyllenhaal e pelo carisma e sensualidade de Anne Hathaway, que esboçam uma química bem convincente na telona.

Voltando a frase inicial dessa resenha, o destaque de atuação vai pra Hathaway, a estrela do filme com seus olhos gigantescamente expressivos que ainda consegue esbanjar sinceridade tanto nas cenas com roupa quanto nas que está sem (e não são poucas).

A quem se perguntou: não há nu frontal ou mesmo cenas de mau-gosto, mas peitos descobertos e bunda aparecendo são recorrentes.

A direção competente de Zwick não tem virtuosismos de edição ou jogo de câmeras, preferindo (acertadamente) assumir sempre planos mais comuns e deixar todo o trabalho de contagem da história e conquista do espectador nas mãos dos atores.

Como o filme se passa em 1996, há uma tentativa da direção de arte para recriar a época fazendo Jamie carregar pagers e celulares grandes ou mesmo fazendo Maggie vestir roupas rasgadas e com estampas xadrez, mas não vai muito além disso e logo o espectador se esquece que o filme se passa nos anos 90.

Uma pena, pois uma época cultural tão heterogênea merecia ser melhor retratada na telona.

Um filme bem divertido que informa e incita a discussão sobre a indústria farmacêutica, regado com várias cenas de sexo e que você só vai lembrar que é comédia romântica no final.

Recomendado.

Valeu!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Filme: O Mágico

Jacques Tati (1907-1982) foi um ator e diretor francês que fez grande sucesso no cinema da década de 50 a 70. Começando a vida artística como mímico, evoluindo para comediante de palco e só então cineasta, seus filmes se caracterizam por dominar o humor inocente e sem palavras

Isso pode ser comprovado em seus maiores sucessos como As férias do Sr. Hulot (1953), Meu Tio (1958) e outros filmes que inspiraram toda uma geração que veio depois dele.

O personagem Mr. Bean, interpretado por Rowan Atkinson, por exemplo, é quase uma cópia do Sr. Hulot que Tati representou várias vezes no cinema.

Falecido em 1982 após amargar seus dois últimos filmes quase fracassarem nas bilheterias, ele agora retorna, ao menos em idéia e espírito numa adaptação e homenagem de Sylvain Chomet, responsável pelo longa-animado O Mágico (L'illusionniste, 2010) produção conjunta da França e Reino Unido. 

Tatischeff é um mágico ilusionista de meia-idade que começa a perder trabalhos por causa do surgimento de bandas de rock na Europa da década de 60. Apresentando seus shows em eventos cada vez menos badalados, ele acaba indo parar no interior da Escócia onde encanta a adolescente Alice que, acreditando ser ele um verdadeiro mago, decide deixar a pequena ilha onde morava para acompanhá-lo. Como a menina não tinha um tostão no bolso, caberá ao modesto e bondoso ilusionista sustentá-la enquanto enfrenta a constatação que talvez o mundo moderno não tenha mais lugar pra alguém como ele.

Inspirado num roteiro jamais filmado do próprio Tati, a história surpreende em dois aspectos: quase não ter falas e por não fazer concessões a padrões animados de final feliz pra todos.

A dura realidade da forçada mudança de perspectiva sofrida pelo mágico está presente em todo filme, que é contado com bastante sensibilidade, bom-humor e melancolia.

Num determinado momento do filme Tatischeff se hospeda num hotel onde convive com outros artistas como ele, cujos arcos acabam se revelando mais tristes do que se poderia imaginar num desenho animado.

A(s) seqüência(s) de desilusão do palhaço e o reencontro do mágico com o ventríloquo são exemplos de como alguns podem encarar negativamente o fim da própria carreira. O que não acontece com os trigêmeos trapezistas que trataram de manter o otimismo e se reinventar mesmo que seja atrás dos holofotes.

O mágico faz várias tentativas durante o filme, algumas gerando seqüências bem engraçadas como a da garagem noturna e a da vitrine da loja. 

Seu relacionamento com Alice, cuja motivação só é revelada no último quadro da película, também gera cenas hilárias como a do cozido de coelho. 

O fim do filme, sobretudo, é bastante emblemático trazendo o ilusionista de cabeça erguida, mas encarando um futuro incerto pela frente.

Destaque para a seqüência em que Tatischeff entra acidentalmente num cinema e dá de cara com o próprio Jacques Tati, cujo visual foi inspiração pro personagem animado, no filme que está sendo veiculado na telona.

Com um estilo simpático, caricato e bastante incomum no desenho de personagens, que lembra muito o último filme de Chomet, o premiado As bicicletas de Belleville, O mágico demonstra alguma evolução na animação desde 2003 pra cá. 

Isso é visível em cenas com muitos personagens, como a da taverna escocesa, onde as figuras ganham vida e personalidades individuais através de ações e trejeitos específicos. Tem-se que rever a cena várias vezes para prestar atenção no cada um está fazendo.

Outro ponto importante é a mistura quase imperceptível das animações em 2D dos personagens e figuras vivas com a perfeita integração da renderização em 3D de veículos, cenários e objetos de cena.

Talvez a gigantesca Disney pudesse aprender uma ou duas coisas com os franceses que ainda se aventuram nos desenhos em que o computador não é o principal elemento de animação.

Ponto positivo para a trilha sonora original composta pelo próprio Chomet, que tem grande destaque e responsabilidade ao ajudar a contar a história numa película de pouquíssimas palavras. É a grande responsável pelo tom melancólico do filme.

Uma animação que foge dos padrões e encanta pelo nível de realidade e sensibilidade com que a história é contada.

Recomendada pra todas as idades.

Valeu!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Filme: RED - Aposentados e Perigosos

Helen Mirren guiando uma gigantesca metralhadora automática.
John Malkovich paranóico e carregando um porquinho rosa.
Morgan Freeman vestindo um carnavalesco uniforme militar.
Brian Cox interpretando um espião russo apaixonado e cheio de charme.
Richard Dreyfuss fazendo o vilão.
E Bruce Willis, bem... sendo duro de matar de novo.

Se você gostou de algumas das descrições acima vai adorar RED – Aposentados e Perigosos (RED, 2010) novo filme do diretor Robert Schwentke, cujo último filme, Te Amarei para sempre, já comentei aqui.

Frank Moses (Bruce Willis) é um aposentado que mora sozinho numa tranquila vizinhança familiar americana. Só sai da rotina pra falar com Sarah (Mary-Louise Parker), a encarregada de sua pensão com quem mantém uma relação platônica por telefone. É então que sua casa é atacada por homens fortemente armados no meio da noite e ele, depois de matar a todos sem sofrer nenhum arranhão, vai a procura de antigos aliados pra descobrir quem reativou seu perfil na CIA (Agência Central de Inteligência) e porquê.

Adaptado da HQ de Warren Ellis e Cully Hamner, o roteiro do filme expande e muito a história dos quadrinhos em dois aspectos: deu companheiros a Moses e adotou um tom divertido e bem-humorado para a narrativa. 

Com uma estrutura bem simples e linear cheia de bons diálogos, cenas impactantes e frases de efeito, o roteiro só peca por deixar os personagens mal-aproveitados, visto que não existem muitas motivações pra fazerem o que fazem. Sua única explicação para estarem ali é a situação que move o filme, não existindo aprofundamento emotivo que exija muito dos atores.

O diretor segue toda a cartilha de filmes de ação da atualidade, mas consegue inovar com duas boas seqüências: a do passinho pra fora do carro em movimento (que aparece no trailer) e a que homenageia filmes de faroeste com um duelo entre uma magnum .44 e uma bazuca, que apesar de mentirosa é a melhor seqüência do filme.


Destaque para as atuações de John Malkovich, Brian Cox e Helen Mirren que conseguem entregar um pouco mais do que o roteiro exigia.


Bruce Willis, Morgan Freeman e Richard Dreyfuss (fora das grandes produções há algum tempo) fazem mais do mesmo, mas quem decepciona mesmo é Julian McMahon que poderia render bem mais pela importância do seu personagem na trama. 

Ou seja, apesar de atores premiados não dá pra esperar atuações profundas desse que é um típico (e bastante divertido) filme de ação.
Uma trama de velha guarda X novatos com pitadas bem humoradas e duas ou três seqüências de ação inovadoras é o que esperar de RED (que na sigla em inglês significa Aposentados Extremamente Perigosos).

Recomendado.

Valeu!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Filme: Enrolados

É, a Disney parece ter desistido mesmo das animações em 2D. 

É o que se conclui ao final da sessão de Enrolados (Tangled, 2011) dos diretores Nathan Greno e Byron Howard.

Todo feito em computação gráfica o filme tem a quantidade de acertos suficientes para dar um novo fôlego às clássicas animações fantásticas da casa. Mesmo que essas não mais sejam feitas à mão.

O único e mais importante porém foi a versão brasileira da película.

Flynn Ryder (voz de Luciano Huck) se torna o ladrão mais procurado do reino após roubar o palácio real. Rapunzel (voz de Sylvia Salustti) é a menina de cabelos mágicos cuja mãe nunca deixou sair de sua torre escondida. É quando Flynn, fugindo dos guardas do palácio, encontra acidentalmente a torre de Rapunzel que ela o convence (de modo bem peculiar) a levá-la para ver o festival anual de lanternas flutuantes do reino. Mas é claro que nada sai como esperado e Rapunzel vai descobrir que sua mãe não é bem quem diz ser.

Adaptação muita bem feita de um dos mais famosos contos dos Irmãos Grimm, o roteiro acerta por fugir da fórmula clássica, incluindo a narração dinâmica e atual de Flynn que já começa revelando um fato importante do fim da trama, além de várias tiradas engraçadas que normalmente não se encontra num filme de princesas da Disney.

Ponto positivo para a vivacidade e personalidades muito bem definidas dos personagens principais, que vez ou outra fazem comentários inesperados sobre o absurdo de situações em que se encontram.

O ruim, a meu ver, foram as músicas cantadas pelos personagens que não empolgam e não dão profundidade a trama, ou seja, o filme poderia passar muito bem (e conquistar um público bem maior) sem toda aquela cantoria.

Parte técnica invejável com cenas belíssimas aproveitadas ao máximo em 3D, mas que podem passar por 2D numa boa sem perda de beleza.

A expressividade de animação dos personagens impressiona bastante e o cabelo de Rapunzel, que deve ter sido extensivamente trabalhado pelos animadores, assume uma textura quase que real em várias cenas. 

Isso, junto com o roteiro bastante “esperto” pra um filme de meninas, acaba sendo um ponto crucial para o sucesso internacional do filme que com certeza merece ser visto e apreciado pelo enfim retomado padrão Disney de qualidade no mundo todo. Menos no Brasil, infelizmente.

O problema por aqui foi a versão brasileira. Não toda ela, claro, mas sim a voz do apresentador de TV Luciano Huck interpretando o ladrão e co-protagonista Flynn Ryder.

Huck até tenta, mas sua falta de estudo de interpretação é evidente principalmente no excesso de empolgação de suas falas. O volume de sua voz parece sempre o mesmo tanto nas cenas felizes, quanto nas tristes, não combinando em nada com as expressões do personagem animado. 

Isso sem falar que a superexposição de sua figura e voz na TV podem levar o expectador a esperar uma de suas frases de efeito (“Som na caixa maestro Billy” ou “Está começando o Caldeirããããoo”) serem ditas a qualquer momento atrapalhando a inserção no filme e conseqüente apreciação da história.

Pra entender do que falo veja um trecho do filme com essa dublagem:
O pior é que todas as prévias e trailers divulgados até o lançamento contavam com a voz de um dublador profissional, com entonação bem diferente de Luciano Huck, ou seja, a dublagem parece ter sido (re-)feita as pressas.

Ponto negativo pra Disney brasileira que, não confiando no mérito da própria película, colocou um nome famoso pra atrair mais espectadores e acabou tirando metade da graça do filme, já que o personagem é um dos protagonistas e tem tanto tempo de tela quanto Rapunzel.

É claro que se você fizer um esforço e ignorar esse fato pode até se divertir com um dos últimos contos de fadas clássicos a serem explorados na telona.

Uma animação de princesa que inova por ter um personagem masculino igualmente cativante e importante que foi estragado pela dublagem brasileira.

Recomendado (a versão legendada, claro).

Valeu!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Filme: De Pernas Pro Ar

É fato notório e consumado que o brasileiro gosta muito de sexo. Explicação pra isso? Várias. Uma indiscutível é o clima tropical que nos obriga a mostrar muito mais pele do que outras pessoas no planeta, exaltando assim a atração entre os pares.

Por conta disso, o sexo está enraizado em nossa cultura diária muito mais do que em várias partes do mundo. O que não nos torna necessariamente uma sociedade de depravados e nem mesmo avançados sexualmente. Ou seja, apesar do excesso de sensualidade, o sexo ainda é abordado com muito tabu na sociedade brasileira.

O filme De pernas pro ar do cineasta Roberto Santucci tenta mudar essa visão.

Alice (Ingrid Guimarães) é a gerente de marketing de uma grande empresa de brinquedos as vésperas de receber uma grande promoção. Viciada em trabalho, ela dá pouca atenção ao marido (Bruno Garcia) e ao filho até que, por causa de um erro numa apresentação, ela é demitida sumariamente e ainda é abandonada pelo marido no mesmo dia. Sem perspectivas, vê uma alternativa de trabalho (e de mudança de vida) ao entrar de sócia com a vizinha Marcela (Maria Paula) numa SexShop.

O tema do filme é a liberação e o preconceito sexual e o arco dramático de Alice é muito bem montado pelo roteiro que consegue apresentar e desenvolver satisfatoriamente a personagem em três fases: a quebra do preconceito, a descoberta do prazer pela auto-satisfação e o enfim bom relacionamento com a família.

Prato cheio pra imediata identificação feminina.

Tudo isso trabalhando com piadas e tiradas muito bem-humoradas (algumas já clássicas) sobre sexo, que sem nenhum tipo de apelação ou mau-gosto conseguem evocar o riso certo em qualquer tipo de espectador.

Ingrid Guimarães mostra que tem força pra levar um personagem principal ao mostrar muito carisma interpretando Alice. Apesar de parecer um pouco burocrática em algumas cenas, é sem dúvida a alma do filme.

Maria Paula não decepciona, mas não mostra muito aprofundamento de atuação, fazendo praticamente o mesmo que já fazia no programa de tv dos Cassetas.

E Bruno Garcia... bem, Bruno Garcia faz o mesmo marido charmoso e preocupado que já deve ter feito algumas vezes na TV.

E esse é um ponto ruim do filme: praticamente todos os atores já são conhecidos da televisão e nenhum deles consegue entregar algo além do que já foi visto na telinha.

Menção honrosa para a veterana Denise Weinberg, premiada atriz e professora de teatro que interpreta a mãe de Alice, Marion, muito a vontade e engraçada no papel de uma senhora aposentada que só quer saber de viver a vida.

Com um trabalho satisfatório de direção e edição que cumprem claramente o papel de servir ao texto e ao carisma dos atores, o filme merece o sucesso que está fazendo principalmente pelos temas discutidos e pelas gargalhadas que algumas situações inusitadas dessa discussão evocam pelo caminho.

Recomendado.

Valeu!
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