Se seu comentário não aparecer de imediato é porque eles são publicados apenas depois de serem lidos por mim.
Isso evita propagandas (SPAM) e possíveis ofensas.
Mas não deixe de comentar!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Autor e Site: Laerte e o Manual do Minotauro

Laerte Coutinho, ou simplesmente Laerte, é um jornalista, roteirista e cartunista brasileiro que fez bastante sucesso pela criação e publicação de tiras em jornais como a Folha e o Estado de São Paulo, além de colaborar com revistas como VEJA e ISTO É.

Antes disso, porém, ele já era bastante atuante nos anos 70, durante a ditadura, contribuindo em jornais, participando de publicações de teor político e social como o Pasquim, colaborando com campanhas do MDB e com o Sindicatos dos Metalúrgicos.

Sua criação mais famosa, Os Piratas do Tietê, vêm da década de 80, quando publicou na revista de humor Chiclete com Banana, de seu amigo Angeli, outro grande cartunista.

Os Piratas do Tietê são um bando de saqueadores cruéis que desistem dos 7 mares e resolvem fazer sua base no rio Tietê em São Paulo.

Prato cheio para críticas políticas e sociais em tiras com finais engraçados, surpreendentes e carregados de um humor nonsense (sem-noção), muitas vezes inteligentíssimo.

Nos anos 90, Laerte era figurinha carimbada nos programas de humor da rede Globo, chegando a escrever para a TV Pirata, Sai de Baixo, Tv Colosso e Vida ao Vivo.

Hoje em dia, já se aproximando dos 60 anos, Laerte ainda se encontra em atividade, mantendo tiras em diversos jornais e causando pequenas revoluções na linguagem, deixando de lado o humor de riso fácil ao abordar temas complexos, num formato experimental, meio conceitual e até (por que não?) filosófico.


Em 2009, Laerte ganhou do presidente Lula, uma medalha da 15ª Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura pela contribuição para a promoção da cultura brasileira.

Ele publica novas tiras diariamente em seu blog Manual do Minotauro, nome de uma das tiras que estrearam o blog.

São tiras que não são indicadas pra qualquer um. As vezes tão sutis que podem parecer sem-graça e sem sentido numa lida rápida, mas extremamente inteligentes e engraçadas após reflexão.


O próprio Laerte já declarou no blog que nem sempre faz tiras pra terem sentido. Afinal, o que é “sentido”? Segundo ele, seu objetivo pessoal ao fazer tiras é crescer e não acrescentar. E pra falar a verdade nem tudo no dia-a-dia faz sentido, não é mesmo?


Outra declaração feita pelo autor no blog é o porquê de não desenhar mais velhos personagens. Ele diz que os considera parte de um ciclo prazeroso, porém já cumprido de sua vida.


O que resultou em novas criações como o Pequeno Travesti, Dona Ruth, Muchacha, o próprio Manual do Minotauro e muitos outros tão fulgazes e transitórios quanto interessantes.


O importante é que essas tiras dessa sua nova fase ainda são capazes de fazer rir, talvez até de forma mais rica, mesmo que algumas nos forcem a raciocinar um pouco no meio do caminho.

E esse é o GRANDE e ótimo diferencial.




Todas as tiras que ilustram esse post foram retiradas do blog do Laerte.

Então, se você gostou de alguma, não se esqueça de visitar e prestigiar o trabalho desse grande cartunista brasileiro: http://www.verbeat.org/blogs/manualdominotauro/


E que venham mais dessas novas tiras do Laerte!

Recomendado!

Valeu!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Quadrinhos: O Imortal Punho de Ferro

Desde que o ocidente redescobriu o oriente na década de 1960-1970 é comum vermos heróis lutadores de artes marciais fazendo sucesso na mídia. Bruce Lee e Chuck Norris são dois exemplos de atores que exploraram no cinema essa fascinação exercida pelas lutas orientais.

Nos quadrinhos da Marvel Comics não foi diferente. Em 1974 foi criado, entre outros, o Punho-de-ferro (Iron fist), um lutador marcial americano que, após passar 10 anos nas montanhas de Kun Lun no Tibet, conseguiu o poder de concentrar grande energia sobrenatural em seus punhos tornando-se, ao retornar aos EUA, um herói lutador.

Tendo algum sucesso na estréia, o personagem em pouco mais de um ano teve sua revista cancelada e se juntou a outro herói da Marvel, Luke Cage, fundando o grupo Heróis de Aluguel. A revista foi bem, mas não o suficiente para evitar o cancelamento alguns anos depois, relegando o personagem a participações especiais em outras revistas da editora e a minisséries sem muito brilho pelos 20 anos seguintes.

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, os heróis lutadores voltaram com tudo, liderados principalmente por filmes como Matrix, O tigre e o Dragão e Kill Bill, todos sucesso de público e crítica. Nada mais justo que personagens como o Punho-de-ferro ganharem uma nova roupagem.

O Imortal Punho de Ferro (The Immortal Iron Fist) é revista que começou a ser publicada em 2006 nos EUA e teve suas seis primeiras edições reunidas num encadernado em 2008 aqui no Brasil. 

Marvel Apresenta 35: A última história do Punho de Ferro (Panini editora, 148 págs.) tem roteiro de Ed Brubaker e Matt Fraction e desenhos de David Aja e convidados. 

A revista surpreende por dar continuidade a saga do personagem, que abandona a pose de herói urbano e aprofunda o lado místico de seus poderes.

Danny Rand, o Punho de Ferro, é um milionário que está mais preocupado em ser herói do que comandar sua própria empresa. Tudo muda quando recebe a proposta bilionária de construir uma linha férrea nas montanhas do Tibet. Ele desconfia da empresa que lhe propôs o contrato e descobre que ela é uma fachada da organização terrorista conhecida como Hydra, que quer descobrir o caminho para cidade mística de Kun Lun.

Ao mesmo tempo, os poderes de Danny começam a falhar e ele descobre que Orson Randall, o Punho de ferro de 100 anos atrás, ainda está vivo e fugindo de Davos, um antigo inimigo de Danny.

Os roteiristas deram uma nova vida ao personagem, principalmente ao aprofundar sua mitologia. A primeira história, por exemplo, já abre com um episódio de 800 anos atrás quando um punho de ferro enfrentou o exército de Gêngis Khan. A seguir é que aparece Danny Rand lutando contra a Hydra e ficamos sabendo que ele não foi o único punho de ferro da história.

Na verdade 66 homens e mulheres assumiram os poderes de Punho de ferro desde o início dos tempos. E os autores apresentam um pouco de cada um deles em cada história, paralelamente a trama principal, é claro.

Outro fato interessante incluído pelos autores é que o poder do punho de ferro não é apenas físico, podendo ser usado para cura, hipnose, expansão dos sentidos além da manipulação de vários tipos de energia.
Tudo isso contado a Danny por Orson Randall, que também lhe entrega um livro com a história de todos os Punhos de ferro desde o primeiro homem que conseguiu vencer o dragão Shou Lao, um ser mitológico que vive embaixo da cidade mística de Kun Lun. É aqui que Danny conhece um pouco mais sobre seus poderes e seu legado.

Também paralelamente a trama principal, o roteiro mergulha no passado de Orson Randall, explicando sobretudo a origem da fortuna de Danny, a obsessão de seu pai Wendell Rand por Kun Lun e finalmente porquê Orson foi dado como morto 40 anos atrás.

A cada mergulho ao passado a história é assumida por um desenhista convidado e ganha cores novas e vibrantes, que variam dependendo da época mostrada, para diferenciá-la da trama principal, que é focada no presente e tem um pano de fundo mais realista.

Os desenhos de David Aja, que ilustram a trama principal, ganham destaque pela narrativa dinâmica imposta pelo posicionamento único dos quadros, seqüências de luta muito bem coreografadas, além do interessante detalhe de pequenos círculos que destacam o impacto causado por cada golpe.

Também se diferencia por ganhar cores mais sombrias, dando seriedade a um personagem criado na espalhafatosa década de 1970.

Foram lançados aqui no Brasil em agosto e dezembro de 2009 os números 43 e 45 da revista Marvel Apresenta contendo a continuação direta da história iniciada no número 35. Cada uma com mais seis histórias da saga do Punho de ferro.

Nessa continuação, Danny Rand descobre que a cidade mística de Kun Lun, que aparece no plano terrestre a cada 10 anos, faz parte de um conjunto de 7 cidades celestiais que se envolvem num torneio interdimensional de artes marciais realizado a cada 88 anos terrestres. 

Sendo obrigado a treinar para o torneio e a encarar participantes com poderes tão fortes e estranhos quanto os dele, Danny conhece um pouco mais sobre o passado de Orson Randall e dos Punhos de ferro anteriores e encontra antigos colegas e desafetos, tudo isso enquanto tenta evitar a destruição de Kun Lun pelas forças da Hydra.

Filosofia oriental, ação vertiginosa e batalhas históricas numa trama de suspense e auto-conhecimento que faz parte da ótima mudança e surpreendente amadurecimento de um herói com mais de 30 anos no mercado. 
Certeza de subida do personagem do segundo para o primeiro escalão da editora. Inclusive com ligações mínimas, que não atrapalham a apreciação da história, ao que está acontecendo ao universo interligado dos heróis da Marvel.

Recomendado pra quem está afim de uma ótima história de herói sem precisar acompanhar uma revista mensal com todo um universo interligado e esperar meses pra ler o final.

Ponto positivo para a Panini que optou por publicar, separadamente dos outros heróis, seis histórias do mesmo personagem em cada edição.

Desde o lançamento dessa atualização do personagem, um filme com ele se encontra na lista de produções possíveis da Marvel, apesar de ainda não ter ganho o sinal verde para o início da pré-produção. Na minha opinião, feitas as mínimas adaptações, essa história poderia resultar numa boa série de tv.

Obrigatório!

Valeu!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 
Tweet