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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Filme: Sherlock Holmes (2010)

Sherlock Holmes é o personagem criado pelo médico inglês Arthur Conan Doyle em 1887. Um detetive que ficou famoso por resolver casos na base da observação e dedução.

Podemos encontrá-lo em quatro romances e em uma diversidade de contos. Todos escritos por Doyle e publicados durante um intervalo de 40 anos.

Apesar de puramente mental, o personagem de Conan Doyle usava o método científico e muitas vezes experimentativo para trabalhar, o que pode ter dado origem a vários outros personagens em diversas mídias.

Alguns seriados de televisão famosos foram claramente inspirados pelo personagem. Dois inclusive fazem bastante sucesso atualmente.
Um deles, o mais direto, é Monk, um detetive obssessivo-compulsivo que faz deduções incríveis só pela observação.
O outro, menos direto, é House, um médico arrogante especialista em descobrir e tratar doenças raras, muitas vezes sem conhecer os pacientes.

É claro que o personagem já teve muitas adaptações fora da literatura (teatro, cinema e tv) e elas contribuíram aos poucos para a formação de uma imagem clássica do detetive.

Alto, magro, porte atlético, nariz comprido, chapéu de abas e sempre com um cachimbo curvado à mão. O problema é que algumas delas nunca foram citadas por Doyle nos escritos originais.
O filme atual, Sherlock Holmes, foi dirigido por Guy Ritchie e abandona algumas dessas características.


Sendo inspirado numa HQ escrita e desenhada por Lionel Wingram, o filme é a tentativa de revitalizar esse que é um dos personagens mais famosos da literatura, trazendo-o com muita ação a atitude ao século XXI.


Holmes (Robert Downey Jr) e seu parceiro, o médico John Watson (Jude Law), prendem Lord Blackwood (Mark Strong), que matava meninas por meio de rituais de magia negra, e alguns meses depois são obrigados a persegui-lo novamente após sua execução e misteriosa ressurreição.
Com a ajuda de Irene Adler (Rachel McAdams), a única mulher que conseguiu enganar Holmes duas vezes, e do burocrático inspetor Lestrade (Eddie Marsan), eles tem que recapturar Blackwood e desvendar sua ressurreição e conspiração que ameaçam a sanidade e segurança do povo inglês.

Robert Downey Jr. interpreta competentemente um Sherlock obstinado que usa seus casos, mistérios e tentativas de invenções para ocupar a mente inquieta. Quase como uma dependência química. Seu olhar arregalado e contemplativo diz muito sobre o personagem.

Jude Law faz um John Watson mais másculo encarnando um militar reformado, durão e companheiro. Ele consegue trabalhar bem as nuances da divisão do personagem entre a noiva e a emoção de suas aventuras ao lado de Holmes.

A relação entre os dois personagens é meio simbiótica. Estão acostumados a ter um ao outro por perto o que justifica a estranheza e certo ciúme que Holmes sente pela noiva de Watson.
Não há na película uma preocupação em apresentar a história anterior dos personagens. O roteiro aposta num conhecimento prévio do público pela figura mítica do detetive infalível para dar mais espaço a ação. Eles já começam o filme no meio da perseguição e aos poucos vamos conhecendo quem eles são.

Escolha acertada do diretor por economizar tempo para desenvolver a trama principal, mas por vezes o filme parece ter ação demais pra uma história de detetive.

Seqüências como a da luta perto de um navio no estaleiro, e a da armadilha no abatedouro, ficam meio soltas e quase desnecessárias em relação ao mistério central.

No meu entender, isso é feito de propósito para atrair um público maior que está acostumado a ir ao cinema ver destruições e explosões.

Destaque para a fotografia, figurinos e direção de arte que fizeram um bom trabalho na ambientação da Londres vitoriana. Apesar dela parecer escura demais em algumas cenas.

Ponto positivo também para a câmera subjetiva em que Holmes narra em câmera lenta como poderia nocautear sistematicamente o adversário. Um grande mergulho na mente do detetive que revela por dentro seu modo de pensar peculiar. Pena que isso só é feito em dois momentos do filme.


Grande destaque para o som da película.
A edição de som arrebentou, principalmente ao reproduzir a percepção sonora de Holmes em dois momentos: um no início, ao ter um tiro ricocheteado perto de seu ouvido, e outro depois da metade, ao tentar se recuperar de uma explosão.

A trilha sonora de Hans Zimmer também é muito boa. As músicas num tom folclórico irlandês, abusando de violinos e outros instrumentos nativos do norte da Europa, seguem direitinho tanto as seqüências de luta quanto as de suspense. Na sala que eu estive uma funcionária do cinema quase deu um show de dança com a música de subida dos créditos finais.
Outro ponto importante para os fãs é que, apesar de lutar contra um maquiavélico e astuto Lord Blackwood, o filme é pontuado por algumas intervenções do maior inimigo de Holmes na literatura, o Professor Moriarty. E, para quem conhece o personagem, isso acaba tirando um pouco da força de Blackwood como antagonista. Principalmente no fim com a promessa de embate entre Holmes e Moriarty, que não chega a mostrar o rosto, para um próximo filme.
Certeza de continuação.

Para não dar a impressão errada, existem sim as magníficas deduções de Holmes em vários momentos do filme, sendo a maior de todas no final, claro. Alguns críticos até já reclamaram que a explicação final de Holmes é muito mastigadinha e um tanto desnecessária, mas esquecem (ou ignoram) que isso também é feito em quase todas as histórias escritas por Arthur Conan Doyle.

Um filme que cumpre muito bem seu objetivo de atualizar Sherlock Holmes para o novo milênio, primando pela ação, apesar de vermos as deduções do detetive em vários momentos, com boas atuações dos personagens principais e com uma grande trilha sonora é o que esperar desse filme.

Recomendado.

E que venha Moriarty.

Valeu!

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