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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dica de Filme: 20th Century Boys 1a. Parte

Essa dica vai pros fãs de mangá (quadrinho japonês).

Foi lançado em agosto de 2008, no Japão, o 1º capítulo da trilogia cinematográfica que pretende condensar 24 volumes de histórias em quadrinhos dos 20th Century Boys.

Ainda não li o mangá original, mas sei que ele foi publicado entre 2001 e 2007 na terra do sol nascente e escrito e desenhado por Naoki Urasawa, mesmo autor do elogiado suspense adulto Monster (publicado aqui pela Conrad Editora).

Uma pesquisa rápida na Internet revela que é uma das HQs japonesas mais elogiadas dos últimos tempos. Tanto que rendeu vários prêmios a seu autor no Japão durante sua publicação.

Alguns sites de fãs disponibilizam pra download (pirata, claro) a versão integral já traduzida para o português.

É a história de um grupo de pessoas comuns que, quando crianças, estabeleceram um cenário mundial para o surgimento de um grupo de heróis. Isso dependeria da ação de vilões que tinham o objetivo de conquistar o mundo e essa ação foi pensada em detalhes pelo grupo no fim dos anos 60 e registrada num caderno que chamaram de O Livro das Profecias. O problema é que em 1997, quase trinta anos depois de terem escrito a história, o grupo percebe que alguém se apropriou de suas idéias infantis e está realmente levando o plano a cabo. Será um deles?

O filme foi dirigido por Yukihiko Tsutsumi e teve a mão do próprio Naoki Urasawa, entre outros, no roteiro.Começa em 1973 com uma rápida cena no colégio onde o protagonista, narra em Off, quando exatamente começou a achar que o Rock podia mudar o mundo. Corta para 2015, numa prisão de segurança máxima onde dois homens em celas uma de frente para outra conversam sobre seus crimes. É então que o homem mais calado (que não chega a mostrar o rosto), começa a contar ao outro a história de um verdadeiro terrorista.

Kenji Endo é um astro do rock falido que em 1997 mora com a mãe e com a sobrinha-bebê Kanna, nos fundos da loja de conveniência onde trabalha. Numa festa de reunião da antiga turma de escola ele é indagado por conhecidos sobre o símbolo de uma seita, liderada pelo misterioso “Amigo”, que é responsável pelo desaparecimento de várias pessoas em todo o Japão. O símbolo é o mesmo que ele e os amigos usavam para designar sua turma 28 anos atrás. Com a ajuda desses velhos amigos, ele se lembra de detalhes do plano que elaboraram para a conquista mundial e percebe eventos acontecendo em várias partes do globo na ordem exata que tinham planejado no passado. É quando Kenji se dá conta que se isso continuar, o mundo pode não estar inteiro para ver o século 21 chegar.

O roteiro é todo construído na alternância de épocas da narrativa. Isso é bem realizado quando precisamos saber fatos importantes da história anterior a narrativa, mas cansa depois de um tempo e provoca confusão num momento específico quando há o absurdo de um flashback dentro de um flashback. O que deixa claro que a história do mangá foi bastante encurtada pra caber na tela. Mas poderia ter sido feito de maneira melhor.A fotografia é boa com cores muito bem definidas, que diferenciam claramente os períodos de tempo de história. O passado assume tons de sépia, o futuro tem um tom mais azulado enquanto que o tempo narrativo principal assume um tom de cor mais normal. A partir de um certo ponto consegue-se distinguir facilmente qual tempo narrativo está sendo mostrado.

Mas o diretor peca ao abusar de zooms e travellings com a câmera no rosto de personagens para afirmar a tensão da cena. Em algumas, o rosto do personagem começa no extremo direito da tela e a câmera se mexe fazendo o rosto quase sumir no extremo esquerdo quando há um corte e o movimento de câmera recomeça novamente na MESMA cena. O corte abrupto quebra a tensão e dilui a seriedade da cena.

Atuação acertada de alguns atores, mas com reações eventualmente exageradas de outros. Talvez seja algo típico de aventuras infanto-juvenis nipônicas fazer poses de efeito depois de uma determinada frase ou ação, mas prejudica o filme tirando seriedade e verossimilhança da história.

A maioria dos flashbacks se dá nas redescobertas do protagonista Kenji, que tem lembranças do passado a cada novo fato mencionado. Mas, sendo ele um dos principais idealizadores do plano infantil, fica meio difícil de suportar a cara de surpresa que o ator principal faz quando lhe contam algo que ele não lembrava.

É claro que um espectador inteligente pode inferir que sua memória estaria prejudicada pelos anos de abuso como astro do rock, mas isso não chega a ser mencionado de forma objetiva para justificar essa surpresa.
Por vezes o cara nem parece que chegou a viver aquilo tudo no passado.

Mas não posso deixar de elogiar a escolha do elenco no quesito aparência. Todos as atores mirins passam perfeitamente a imagem física dos personagens adultos.

No resumo, é um filme bem produzido visual e tecnicamente e com uma ótima história, mas que fica comprometido pelos (poucos) furos no roteiro e bastante prejudicado por alguns excessos da direção e das atuações.

Como é a primeira de três partes, espero que as próximas duas seqüências resolvam esses problemas.

Eu sei que vou ter que procurar o mangá original pra ler. Mas fica dada a dica de qualquer forma.

Valeu!

domingo, 14 de junho de 2009

Dica de Livro: O Cordeiro

Um livro de 550 páginas. Tenho certeza que muita gente se assustou depois de ler isso. Alguns achariam melhor colocar como calço de mesa ou peso de papel ao invés de ler. Estariam perdendo uma jornada literária bastante instrutiva e, principalmente, engraçadíssima.

Escrito por Christopher Moore e editado por aqui pela Bertrand Brasil em 2008, O Cordeiro é um livro em que a capa revela, mas ao mesmo tempo engana quem só se dá ao luxo de uma primeira vista.

Mas não se deve julgar um livro pela capa, claro, e eu, depois de alguns meses só observando tive a certeza de adquiri-lo depois de ler a dica do blog Rapadura Açucarada que contava um pouco da história do livro.

O livro tem o subtítulo O Evangelho segundo Biff, o brother da infância de Cristo e conta a história de Jesus pelo ponto de vista de Levi, vulgo Biff, que conheceu Jesus aos 6 anos de idade e seguiu como seu amigo e protetor por toda a sua vida.

Um detalhe importante é o fato de Jesus ser chamado no livro de Josué, um nome mais próximo do hebraico, mas que também revela a sagacidade do autor ao nos distanciar um pouco da figura religiosa, o que facilita a absorção de várias das piadas.

Esclareço desde já que não são piadas de mau gosto. Josué mesmo é um cara bem legal, sincero, sensível, responsável e consciente de seu papel no mundo, apesar de não ter muita idéia de como realizá-lo. Biff é que faz as piadas.

O livro começa quando o anjo Raziel recebe as ordens de ressuscitar Levi, amigo de infância e seguidor de Josué, para que este escreva um novo evangelho para o aniversário de 2000 anos do Filho de Deus.

Logo depois de ressuscitar, Biff pergunta ao anjo há quanto tempo o Reino já chegou. Raziel informa que já tem dois mil anos e Levi simplesmente xinga, dá um soco na boca do anjo e diz “Você está atrasado!”.

E essa hilária cena curta na quarta página esclarece tudo o que precisamos saber sobre a personalidade de Biff e estabelece o tom do resto do livro.

O primeiro encontro com o messias se dá aos 6 anos, no poço central de Nazaré, onde as mães pegam água pra lavar as roupas. Os dois tem a mesma idade.

Josué olha sorridentemente para Biff e coloca um lagarto morto na boca. Biff aponta para ele e grita para sua mãe. A mãe não dá ouvidos, Josué retira o lagarto vivo da boca e o devolve a seu irmão mais novo. Biff fica surpreso quando então o irmão de Josué esmaga a cabeça do lagarto e Josué ressuscita o bichinho colocando ele na boca novamente. “Quero fazer isso”, diz Biff ao se aproximar de Josué. “Qual parte?”, responde Josué selando para sempre sua amizade.

São cenas como essa acima que fazem o apelo do livro. Coisas que não estão escritas em nenhum lugar, mas que poderiam muito bem ter acontecido.

Uma espécie de bastidores do Novo Testamento.

O livro revela uma extensa pesquisa feita pelo autor sobre os costumes de povos judaicos do século I, para contar com detalhes essa parte da história.

Ele também aproveita vários ganchos e cria piadas muito legais, várias delas centradas em Biff, como o seu relacionamento com a mãe de Josué, Maria, que seria o primeiro amor de sua vida e uma das duas únicas mulheres que ele pensou em casar na vida. É claro que ninguém na família de Josué o levava a sério, e isso gera algumas risadas pra nós e várias bifas em Biff (daí o apelido) durante todo o livro.

A outra mulher que Biff havia pensado em se casar era Maria Madalena, ou Madá, como ele a chamava. Eles se conheceram ainda crianças em Nazaré. O problema é que Madá era apaixonada por Josué, que apesar de amá-la, nunca conseguiu pensar nela como esposa já que tinha preocupações mais importantes, tal como: “Como faço pra ser o Messias?”, em sua mente. E Biff se aproveita disso e na primeira cena de sexo do livro (sim, o livro tem algumas cenas de sexo, todas com Biff) ele perde a virgindade com ela.

Um fato interessante revelado pelo autor no pósfacio é que Maria Madalena não é definida como prostituta em nenhum dos trechos da bíblia. O que acontece é que a palavra para adultério era comumente confundida com prostituição nas línguas antigas em que o texto foi escrito.

A segunda, terceira e quarta partes do livro tratam da busca de Josué pelo seu aprendizado messiânico.

Ele decide ir procurar os três reis magos para iniciar seu aprendizado e Biff vai a tiracolo para ajudá-lo. Eles deixam Nazaré com 14 anos (já eram homens para a época) e partem em direção ao oriente.

Josué aprende sobre Lao-tsé, feng shui, o chi (a energia interior de todos nós), meditação, a iluminação budista, o ioga, o Bhagavad Gita indiano e a Divina Faísca (capacidade de transmutar matéria).

Tudo isso ao lado de Biff que apesar de partilhar várias das lições ensinadas a Josué, só consegue, entre outras poucas coisas, se tornar um mestre na arte do Kama Sutra.

A última parte do livro compreende a volta de Josué e Biff a Galiléia, e é sem dúvida a parte mais triste do livro. Eles estão com 30 anos e após as muitas aventuras vividas nos anos anteriores Josué assume seu status e começa sua peregrinação em direção a cruz.

Aliás, esse é um ponto que tenho observado ao longo dos anos: toda boa comédia geralmente termina de forma triste. Algo a ser pensado melhor e discutido mais pra frente. Apesar de quê, todos já sabíamos como a história ia terminar, né?

No pósfacio, pra quem possa interessar, o autor detalha suas pesquisas e faz uma defesa de sua obra: “é uma história. Eu a inventei. Ela não foi planejada para mudar as crenças ou a visão de mundo de ninguém, a não ser que depois de ler você decida ser mais afável com seus camaradas humanos (o que é legal), ou então decida que realmente adoraria tentar ensinar ioga a um elefante, e nesse caso, por favor, filme”.

Um livro essencialmente engraçado que contém ação, aventura, romance, suspense e sexo, mas também consegue discutir muitos temas sérios, apesar de ser narrado pela figura que é o personagem principal. Um verdadeira saga sobre amizade.

Recomendado pra pessoas curiosas, inteligentes, bem-humoradas e não-fanáticas.

Valeu!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dica de Quadrinhos: Mês do Wolverine

Mês passado foi o mês do Wolverine na editora Panini Comics aqui no Brasil.

Motivado pelo lançamento do filme X-men Origens: Wolverine, a editora colocou em bancas algumas edições especiais de histórias do baixinho invocado de várias épocas editadas originalmente pela Marvel Comics americana.

Quase todas as histórias já haviam sido publicadas aqui e, apesar de já ter lido a maioria delas, vou falar um pouco das que comprei.

Eu, Wolverine é uma edição que une duas histórias escritas por Chris Claremont, o autor que revolucionou os X-men nos anos 80.

A primeira foi uma minissérie em quatro edições publicada originalmente em 1982. Desenhada por Frank Miller (autor de Sin City e 300), é a história que definiu as bases do sucesso de Wolverine nos quadrinhos.

Logan (outro nome pelo qual Woverine atende) vai ao Japão visitar sua namorada, Mariko Yashida, que deixou os EUA misteriosamente. Chegando lá, ele descobre que ela foi obrigada por seu pai, um poderoso chefão do crime, a casar com um funcionário do governo japonês. Ele procura Mariko pra tirar satisfações e a encontra machucada. Enfrenta o pai dela, Shingen Yashida, num duelo de espadas de madeira e o que acontece é que Logan acaba levando uma surra do velho, que é um espadachim extremamente habilidoso, na frente de Mariko e várias testemunhas. Mas ele não vai deixar isso barato. É só o início de um confronto entre Wolverine e o submundo japonês.Ótima história que marcou época por ser a primeira aventura em que Wolverine aparecia longe dos X-men. Várias frases e ganchos deixados pelo autor foram extenuamente repetidos em muitas histórias com o personagem anos depois. Uma delas é a famosa "Eu sou Wolverine. Sou melhor do faço, mas o que faço melhor não é nada agradável." O roteiro peca um pouco pela atitude um pouco simplista em relação a cultura japonesa, mas se levarmos em consideração que os animês(desenhos animados) e mangás(quadrinhos) japoneses estavam longe de serem um sucesso nos EUA na época, podemos relevar isso e apreciar a narrativa.

Outra coisa a se falar são os desenhos de Frank Miller, que na época ainda não tinha feito o grande sucesso Batman-Cavaleiro das Trevas (que já comentei aqui). Seus desenhos ainda não estavam tão estilizados e se resumiam a imitar o traço de John Romita (desenhista do Homem-aranha), mas isso já foi um grande feito, pois Romita foi um dos melhores da sua época. O problema de Miller foi mesmo a caracterização de cenários que algumas vezes deixam Tóquio proviciana demais e em outras vezes parecida demais com Nova York. Em compensação seus enquadramentos e caracterização de personagens já demonstravam o talento que seria reconhecido anos depois.

A outra história da edição é uma continuação direta dessa e foi publicada originalmente na revista dos X-men em 1983.
Os X-men vão ao Japão após receberem o convite para o casamento de Logan e Mariko. Mariko é agora a chefe do Clã Yashida e quer manter a família longe das atividades criminosas, mas começa a ser atacada por uma facção dissidente do clã liderada por seu meio-irmão, o Samurai de Prata. Auxiliado pela Víbora (ou Madame Hidra), o Samurai envenena os X-men e põe Mariko contra a parede pela liderança do clã. Caberá aos únicos X-men pouco afetados pelo veneno, Wolverine e Vampira (que acabara deixar a Irmandade), resolverem essa situação a tempo de se realizar o casamento.

Uma história mediana que só vale mesmo por ser continuação da anterior e também pelo arco narrativo da Tempestade que, no Japão, começa a desenvolver uma personalidade mais marcante, deixando o visual recatado e assumindo um visual punk (de acordo com o movimento do fim dos anos 70), com direito a roupinha de couro preto, corte de cabelo moicano e tudo mais.

Wolverine - Duro de Matar é uma edição que reúne 4 histórias publicadas na revista solo do personagem em 1997. Escrita por Warren Ellis e desenhada por Lenil Francis Yu.

A história acontece alternadamente em duas épocas. Inicia dez anos atrás quando, antes de entrar pros X-men, Wolverine está na China e passa seus dias bebendo com McLeish, o Fantasma Branco, que se gaba de ser o melhor assassino de aluguel do mundo. Mas McLeish se aproveita da amizade com Logan para matar, a mando da máfia chinesa, o pai da moça que ele estava namorando. Num acesso de raiva Logan persegue o Fantasma Branco e o deixa pra morrer encharcado de gasolina no meio de uma explosão de fogo. Nos dias de hoje, Logan sofre um atentado em seu apartamento em Nova York e tem pistas que o responsável poderia ser McLeish, que ele achava ter morrido. Começa então a fuga frenética de Wolvie tentando sobreviver a um atentado depois do outro enquanto tenta achar o responsável pela caça a sua cabeça.

Um bom thriller de ação em quadrinhos, bem desenhado, que não chega a ir muito fundo em nenhum aspecto, nem acrescentar nada a mitologia do personagem, mas também não decepciona ao proporcionar um bom entretenimento pelos minutos que você a tem entre as mãos.

Wolverine - Logan é edição que reúne as três partes de uma minissérie de 2008. Apesar de escrita pelo elogiado Brian K. Vaughn (autor de Y- O Último Homem) e desenhada pelo ótimo Eduardo Risso (desenhista de 100 balas), ela foi a única que me decepcionou.

Logan visita o Japão depois de muito tempo, quando é atacado por um esqueleto em chamas ao entrar num castelo medieval japonês. Tendo se recordado recentemente de todo seu passado, ele se se lembra de quando esteve na região durante a 2a. Guerra Mundial numa missão especial pelo exército canadense. Capturado pelos japoneses ele foge com a ajuda de um prisioneiro americano que também parece ter poderes especiais. Conhecem uma moça japonesa e Logan se envolve com ela, mas o americano não gosta muito. A garota mora em Hiroshima.

É uma história visualmente bem narrada com ótimos desenhos de Risso e lindas cores aquareladas de Dean White. O problema são os furos no roteiro.

Na primeira parte Wolverine diz saber que o esqueleto esperou por ele 60 anos. Isso vai de encontro ao que ele diz na segunda parte quando pergunta se conhece a figura flamejante. Ora, como ele sabia que a figura esperara 60 anos e não sabia quem era a figura? Não há pistas disso no texto, claro.Outra incoerência é o fato do tempo passado com a japonesa ter terminado na segunda parte enquanto ela aparece na terceira parte numa nova lembrança que, pelo diálogo, dá a impressão de ocorrer depois, o que seria impossível por um fato óbvio acontecido na segunda parte.

Mas a maior incoerência é a extensão dos poderes de Logan, que se cura de ferimentos absurdos o que logicamente tornaria o personagem imortal.

Alguém já comentou em algum lugar da internet que de uns anos pra cá as curas de ferimentos sofridos por Wolverine o tornariam um ótimo personagem para uma nova série Highlander, baseado nos filmes dos anos 80 e 90 em que o personagem de Christopher Lambert caminha pela Terra há 400 anos, pois pertence a uma raça de humanos imortais que só morrem se a cabeça for separada do corpo. E para frisar isso, há até uma separação de cabeça na história. Seria uma homenagem ou brincadeira do escritor?

Wolverine é sem dúvida um dos personagens mais carismáticos da Marvel atualmente, mas o jeito que a editora vem explorando e desenvolvendo ele vai acabar tirando a graça do personagem em pouquíssimo tempo. Como fã, eu não gostaria disso.

Mas fica então dada a dica pra quem viu o filme e gostaria de saber por onde começar a conhecer o personagem nos quadrinhos.

Valeu!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dica de livro: Frenesi Polissilábico

Nick Hornby é um cara engraçado. Mas não de um jeito forçado ou nonsense. Ele é engraçado de um jeito inteligente.

Hornby nasceu e mora com a família na Inglaterra e fez 52 anos em Abril desse ano, mas sua prosa leve e divertida faz parecer que ele é muito mais jovem.

Autor de histórias que deram origens a filmes como Alta Fidelidade (com John Cusack) e Um Grande Garoto (com Hugh Grant), além de Febre de Bola (com Drew Barrymore), Hornby é, além de escritor, um músico amador e um fanático pelo Arsenal, famoso time de futebol inglês.

Seus livros costumam refletir fatos da vida, histórias de amor e amizades passadas na Inglaterra contemporânea com personagens marcantes e cheios de manias.

De leitura ágil e rápida, ele costuma conquistar leitores por fazer em seus livros várias referências a cultura POP em geral, principalmente à música e ao futebol.

Por exemplo:
- Seu primeiro best-seller, Febre de Bola, é quase um relato autobiográfico. Hornby conta sua vida através de partidas de futebol que testemunhou. É a história de um garoto que cresce obcecado por futebol e pelo Arsenal. E tem espaço até pro Pelé no meio.

- Seu segundo e mais famoso livro, Alta Fidelidade, é a história de um dono de uma loja de discos que termina com a namorada e pensa no amor como a combinação ideal de listas Top 5 de filmes, bandas, músicas e etc.

Seu último livro, Frenesi Polissilábico (Rocco, 2008), reúne artigos escritos por ele para a revista literária americana The Believer entre 2003 e 2006.Autor da coluna Stuff I´ve Been Reading (Coisas que tenho lido), ele discute principalmente livros e a literatura em geral, mas sempre arruma espaço pra música, futebol e até cinema.

Suas dicas (se é que podemos chamar assim) vão desde livros de autores consagrados como Charles Dickens até livros sobre como parar de fumar (que chega a aparecer umas três vezes entre suas leituras), passando por biografias de personalidades e relatos sensíveis de pais de crianças autistas (ele tem um filho assim).

O frenesi polissilábico que dá nome ao livro seria o grupo de editores engravatados da revista Believer que de vez em quando lhe dão broncas, censuram seus textos e até pedem pra ele falar bem de determinados livros em sua coluna. Ele não aceita, é claro, mas tenta manter o nível não citando o nome de um livro do qual não tenha gostado.

Antes de ser um escritor famoso, Hornby foi professor de Literatura e numas das colunas iniciais chega a dizer que se houvesse um luta de boxe entre a Literatura e qualquer outra forma de arte, a Literatura certamente ganharia. Mas ele logo volta atrás e na coluna seguinte reconhece que um determinado filme, música ou até um quadro podem sim ganhar de um livro ou mais.

Até alguns quadrinhos são citados por Hornby como dicas de leitura. Um dos que ele elogia é Y: The Last Man (que eu já indiquei aqui no blog).

Por causa de uma de suas colunas acabei conhecendo a banda Marah, uma banda de rock da Filadélfia-EUA que faz um som bem moderno e dançante com toques de gaita e flauta. Hornby narra seu primeiro encontro com a banda numa turnê que eles fizeram na Inglaterra e, desde então, sempre que vai aos EUA, encontra eles para tirar um som.

Um livro que flui como uma extensa e interessante conversa e serve como uma ótima introdução a prosa de Nick Hornby.

As dicas dadas por ele são todas muito bem justificadas e o livro é uma leitura recomendada principalmente pra quem gosta de ler, mas não sabe o quê.

Sendo que a principal filosofia de Hornby quanto a leitura é que, não importa o que você leia, deve ser sempre algo divertido.
Não sei se os 22 jovens engravatados e de roupão que formam o Frenesi polissilábico existem de verdade, mas depois de ler esse livro tenho certeza de uma coisa: quando eu crescer quero ser Nick Hornby.

Valeu!

Dica de Filme: Frost / Nixon

Quem me conhece bem sabe que de uns cinco anos pra cá eu me tornei um apreciador de História. Grandes passagens da História pra ser mais exato.

Esse foi o motivo pelo qual, apesar de ser professor de Matemática, eu ter me interessado em assistir o filme de que falarei a seguir.

Frost / Nixon é um filme de 2008 dirigido por Ron Howard (o mesmo de Uma Mente Brilhante e o Código Da Vinci).

Com o roteiro de Peter Morgan, baseado numa peça escrita por ele mesmo, o filme conta a história da famosa entrevista de Richard Nixon dada ao apresentador inglês David Frost em 1977.

Pra quem não sabe Richard M. Nixon foi 37º presidente americano e o único que renunciou a presidência em 1974 após um escândalo de proporções nacionais o tornar ameaçado de impecheament (quase o que aconteceu com Collor aqui).

A entrevista ocorreu alguns anos depois de sua renúncia e o povo americano pôde vê-lo finalmente falar francamente sobre o escândalo Watergate e sua parcela de culpa na história.
O filme começa com cenas reais de telejornais da época que tentam dar um panorama do que foi o escândalo. Essas cenas são intercaladas pela preparação de filmagem para a renúncia oficial do presidente.

David Frost (Michael Sheen) está na Austrália apresentando um de seus programas semanais enquanto assiste a despedida de Nixon (Frank Lagella) pela televisão. É aí que ele tem a idéia de entrevistá-lo e vemos sua luta e preparação para isso durante toda a primeira metade do filme.

Frost era uma espécie de Gugu Liberato da época e apresentava programas na Inglaterra, Austrália e EUA. Ninguém acreditava que ele seria capaz de indagar e levar Nixon a falar francamente sobre os polêmicos detalhes de seu afastamento e o roteiro gasta boa parte do filme para construir esse descrédito a Frost através de falas e ações de personagens.
Por outro lado Nixon é colocado como um homem esperto, oportunista e ligado a dinheiro que, apesar de não ter perdido sua fortuna nem suas regalias, vivia amargurando para outros sua infelicidade. Em uma cena clara no início do filme ele se diz extremamente infeliz com sua aposentadoria precoce enquanto um empregado empurra sua cadeira pelo lindo jardim ensolarado de sua mansão californiana a beira-mar.É um ponto interessante de se notar assim como sua primeira aparição onde vemos seu rosto de frente ser na tela de uma TV denotando a distância que o espectador, assim como o americano médio da época, devia sentir do personagem.

O diretor Ron Howard constrói a história competentemente, mas abusa um pouco de recursos visuais como tirar uma mesma imagem de foco e colocar me foco de novo pra mostrar um indício de confusão dos personagens.

Se sai bem simulando lentes de câmera de TV ao mostrar um Nixon com a imagem duplicada em alguns trechos da entrevista, o que faz o espectador duvidar se aquele homem estaria falando a verdade.

Frank Lagella constrói um Nixon perfeito enquanto abusa (no bom sentido) da voz grave e de expressões contidas do presidente para construir subtextos em várias cenas. Por exemplo, quando alguém lhe conta que Frost quase casou com uma negra ele dá um baixo resmungo de surpresa e apenas levanta as sombracelhas, indicando o racismo do povo americano.

Lagella cumpre maravilhosamente a tarefa de tornar humano essa figura lendária da história americana. Tanto que foi indicado ao Oscar pelo papel.

Michael Sheen faz um Frost um pouco descontraído e afetado demais pelo respeito a lenda do presidente americano, mas consegue cumprir seu papel de contraponto a Nixon conforme a narrativa avança.

Há uma tentativa do roteiro de dar um aspecto documental a história quando em vários momentos do filme somos confrontados com depoimentos de personagens coadjuvantes que tentam explicar (muitas vezes desnecessariamente) os sentimentos dos protagonistas e também o que houve antes e depois da narrativa do filme.Também é clara a analogia com luta de boxe feita por um dos personagens e mantida pelo ritmo de cenas da narrativa depois de começada a entrevista.

No geral é um bom filme com uma atuação impecável (alguns diriam sobrenatural) de Frank Lagella, e um grande confronto psicológico sobre um dos mais polêmicos episódios da história americana recente.

Recomendado.

Valeu!

Mudando a cara do Blog!

Bom, como vocês já devem ter reparado o blog está com novo modelo e novas cores.

Fiz isso pra tentar dar uma atualizada visual nele.

O motivo? Terminei essa semana (24 a 29 de maio) o Curso de Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica aplicado por Pablo Villaça, crítico e editor do site Cinemaemcena.com.br, e gostaria de dar origem a essa nova fase com algo diferente.
(Galera do curso. Alguém já conseguiu me achar?)
A partir de agora, quando falar de cinema, vou procurar ser bem mais técnico e objetivo, inclusive tentando citar exemplos do filme (algo que percebi que faltou bastante em algumas resenhas).

Também tenho planos para outro blog em conjunto com um amigo que tentará dar uma vislumbrada geral no mundo do entretenimento e não se limitará somente a cinema, quadrinhos e literatura (que é do que eu falo aqui, né?).

Espero contar com os antigos e conquistar mais leitores nessa nova fase.

Abraços a todos e
Valeu!
Ps.: aguardo sugestões e críticas ao visual do site. Deixe um comentário dizendo o que achou.
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