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sábado, 26 de julho de 2008

Dica de Quadrinhos: Y – O último homem

Essa foi uma série que me deixou bastante apreensivo e preocupado.

O que aconteceria se os homens (e machos com cromossomo Y) morressem de uma hora pra outra?

É claro que nem todos morreram. O jovem Yorick Brown, de vinte e poucos anos, ainda está vivo. Bem como seu macaquinho Ampersand. Mas não se sabe como. Ou mesmo porquê.

Se isso acontecesse comigo ou com você, com certeza imaginaríamos mil coisas, muitas delas de ordem sexual, mas a verdade é que algumas fantasias deveriam existir apenas dentro da nossa própria cabeça, pois são desastrosas quando aplicadas na vida real.

Brian K. Vaughn não fez isso. Ele tentou realizar essa fantasia masculina primordial ao escrever uma série de quadrinhos pelo selo Vertigo da editora americana DC Comics (a mesma de Batman, Superman e companhia).

Pra quem não sabe o selo Vertigo é um braço da DC Comics especializado em quadrinhos com temática adulta (não confundir com pornográfica) e foi o lar de séries aclamadas e polêmicas como Sandman de Neil Gaiman, Preacher de Garth Ennis, John Constantine: HellBlazer e muitas outras.

Num mundo bem parecido com o nosso, os homens começam a morrer de uma hora pra outra. Em questão de poucos segundos todos os seres vivos com o cromossomo Y em sua genética começam a passar mal, vomitarem sangue e desfalecem, deixando um rastro de destruição sobre a Terra.

Aviões despencam em pleno vôo. Acidentes de trânsito deixam vias congestionadas. Usinas nucleares acusam vazamentos de radiação. A bolsa de Tóquio fica silenciosa. Um jogo de futebol feminino no Brasil é interrompido, pois o juiz, seus ajudantes e maior parte da torcida cai ao chão. Um ônibus espacial perde contato com o centro de controle na NASA. Serviços essenciais de rádio, telefone e até mesmo a televisão param de repente sem maior explicação.Enfim, um verdadeiro prenúncio do apocalipse.

Não demora para notar que todos que ainda estão vivos e ilesos são mulheres. Menos Yorick. E seu macaquinho Ampersand, é claro.
Yorick é um jovem desempregado, formado em Letras, que estuda a arte do ilusionismo (a mesma arte de Houdini, David Blaine, Mister M e outros) e é apaixonado por sua namorada. No momento do desastre, ele falava com ela pelo viva-voz do telefone enquanto tentava sair de uma camisa de força pendurado de cabeça pra baixo no batente da porta de seu apartamento em Nova York.

Sua namorada estava na Austrália há algum tempo num programa de ajuda humanitária e não queria sair de lá tão cedo. Yorick acabara de lhe dizer que estava meio agorafóbico, não saía de casa há alguns dias e sentia muito a falta dela, proponde-lhe casamento logo em seguida. Foi quando aconteceu a tragédia. A maioria dos homens e machos do planeta estavam mortos.

E isso foi só a primeira edição de uma série de 60 números (cinco anos de publicação) que começa a ser publicada regularmente (espero eu) pela editora PixelMedia aqui no Brasil agora em julho.

A série original acabou em janeiro nos EUA e foi líder de vendas e crítica do selo Vertigo durante quase toda sua publicação.

Yorick primeiro vai atrás de sua mãe, que é deputada e mora em Washington. Depois procura sua irmã, uma paramédica que acaba entrando pra um grupo perigoso denominado Amazonas. Não achando sua irmã, tenta ajudar uma famosa biotecnóloga a entender o porquê da tragédia, mas é perseguido pelas Amazonas e caçado por outros grupos militares que ficam sabendo de sua existência. Isso complica muito a situação, quando só o que queria era ir até a Austrália saber a resposta de sua namorada ao seu pedido de casamento.

Tudo isso na companhia de Ampersand e de sua guarda-costas: a misteriosa Agente 355 da organização conhecida como Culper Ring, uma agência de espionagem que existiu de verdade, sendo criada por George Washington em 1778 e que estaria ativa secretamente (na ficção, é claro) até hoje sob ordem direta do presidente americano regente.

É interessante notar o tipo de discussão que o autor propõe na série. Não é só uma obra de suspense ou aventura. A todo momento os personagens citam a história americana e fazem comentários sobre o sistema político e social vigente. (O primeiro número tem até um comentário maldoso sobre Hillary Clinton).

A trama é muito bem contada e boa pra se fazer pensar. Será que um mundo governado por mulheres seria muito diferente do de hoje? Isso é que me deixou preocupado...

O escritor Brian K. Vaughn foi aclamado com essa série, recebeu vários prêmios e escreveu outros quadrinhos para a DC Comics e sua rival Marvel, além de já ter escrito mais de quatro episódios da série LOST (continuando escalado pra próxima temporada) e atualmente trabalha para levar Y – O Ùltimo Homem ao cinema.

Será que isso acontece antes de terminarem a publicação por aqui?

Não li todos os 60 números da série (na verdade só li mesmo os cinco primeiros), mas ela pode ser encontrada facilmente em sites pra download na Internet. Se der sorte algum grupo de fãs já pode até ter traduzido todos os números. Não custa procurar.

Mas como não gosto de ler por computador prefiro esperar a publicação completa da série (se bem que isso deve demorar um pouquinho...).
Muitas conspirações, revelações e reviravoltas ainda virão (já vi até um bebê menino e um homem de cabelos brancos em imagens de outro site, será Yorick?) e espero que consiga ler a série toda sem ter que apelar pro computador. Tomara que saia completa aqui no Brasil.

Valeu!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Dica de Animê: Beck – Mongolian Chop Squad

Antes de mais nada quero começar justificando para os meus leitores (todos os três) minha prolongada ausência de três meses de postagens nesse blog: meu trabalho triplicou.

Em conseqüência o dinheiro deveria ter aumentado também, mas não vi a cor dele ainda. Espero que chegue logo.

É claro que não fiquei culturalmente alienado nesse período e vou aproveitar minhas férias pra tentar passar aqui algumas impressões e sugestões do que li, ouvi e assisti nesses três meses.

Começo com o animê Beck: Mongolian Chop Squad que me surpreendeu maravilhosamente.

(Pra quem não sabe Animê é um termo usado pra definir mundialmente os desenhos animados japoneses, cuja qualidade de produção é muito superior do que a americana.)

Beck é um desenho que fala sobre música. E também sobre a formação, amizades, brigas, inspiração e descontinuidade de uma banda de rock formada por adolescentes japoneses (mas que podia se situar em qualquer lugar do mundo).

É a história de Yukio Tanaka, apelidado de Koyuki, um jovem de 14 anos no último ano do Ensino Fundamental que até hoje não teve um grande destaque em nada em sua vida. Não tira notas altas e não inspira grandes paixões, além de ser constantemente importunado por colegas no colégio.

Num belo dia, depois de ter apanhado no colégio, volta pra casa sozinho quando encontra um cachorro muito estranho (com a pele cheia de remendos a la Frankenstein) sendo importunado por alguns garotinhos na rua.

Koyuki se identifica na hora com o pobre animal e o defende, colocando os garotos pra correr. Decide levar a cão pra casa, mas seu dono Ryusuke Minami, de 16 anos, aparece e leva o cachorro, não esquecendo de agradecer Yukio por tê-lo defendido.

Acontece que Ryusuke, apesar da pouca idade, é um grande guitarrista que acaba de retornar ao Japão depois de viver muitos anos nos Estados Unidos e acaba convidando Koyuki pra assistir ao show da banda dele dali há alguns dias.

Koyuki fica com os ouvidos doendo depois do show, mas não pode esconder o deslumbramento pelo som que acabara de escutar. Até aquele momento tudo de música que ele conhecia era uma cantora pop no estilo de Britney Spears. É só depois de ouvir Ryusuke que ele começa a descobrir o bom e velho Rock´n Roll.

Procura ouvir tudo o que é Rock e, por conta disso, faz alguns amigos no colégio. Começa a freqüentar a casa de Ryusuke e ganha de presente dele um violão antigo. É então que Ryusuke lhe conta que sua banda acaba de se separar e ele pretende montar a melhor banda de rock do Japão.

Koyuki se inspira na determinação do novo amigo e trata de aprender a tocar o instrumento que lhe foi presenteado.

Esse é pontapé inicial pra formação da banda Beck (nome do cachorro de Ryusuke), que mais tarde ficaria conhecida nos EUA como Mongolian Chop Squad (coisa de gravadora, vai entender...), e também é o início de uma série de 26 episódios que mostram o cotidiano de uma banda de rock tentando alcançar a fama.
O que me surpreendeu nesse desenho, além da qualidade de animação (que por vezes parece ter sido feita diretamente sobre filmagens de movimentos humanos) e da ótima trilha sonora original, é o andamento natural da trama, que confere um grau de realismo à história. A maior parte do tempo temos a perspectiva de Koyuki sobre tudo e, como um adolescente de 14 anos, o autor faz questão de mostrar vários aspectos cotidianos da vida do garoto e como a descoberta da música muda seu comportamento e sua maneira de encarar a vida pra uma forma bem melhor.

Por exemplo: ele se reaproxima de uma velha amiga de jardim de infância e por causa dela passa a freqüentar uma piscina da região onde conhece o senhor Saitou, um ex-nadador olímpico de 44 anos que é fã dos Beatles e acaba ensinando Koyuki a tocar violão e a treiná-lo duramente para as competições de natação da escola (onde ele se destaca e surpreende a todos).

Saitou também fica sendo responsável pela primeira apresentação ao vivo de Koyuki como guitarrista e é dele a letra na primeira composição original de Koyuki.

A maneira evolutiva de como a história é contada é que me fez pensar na naturalidade de tudo aquilo. Coisas assim bem que poderiam acontecer mesmo (se é que não acontecem) na vida real. Já ouvi dizerem que as parcerias saem de onde menos se espera.

Os 26 episódios compreendem dois anos e meio na vida de Koyuki, desde o primeiro encontro com Ryusuke, passando pelas aulas com Saitou, pela formação da banda, pelo reconhecimento no colégio, pelo primeiro beijo (na irmã mais nova de Ryusuke: Maho), pelo primeiro CD independente, pela troca de bateirista, pela evolução do som da banda, pela contratação por uma gravadora pequena, pelo convite pra um grande festival, pelas brigas e, finalmente, por uma turnê pela América.

Coisas até bem previsíveis de se acontecer em histórias desse tipo, mas contadas com uma naturalidade e suavidade que me surpreenderam.

Mas é claro que não foi somente isso que ocupou os 26 episódios. Tem também uma sub-trama de suspense protagonizada por Ryusuke, seu cachorro misterioso e sua guitarra cheia de buracos de bala (que se chama Lucille como a de B.B. King). Isso complica um pouco a vida da banda, mas no final tudo acaba bem.

Além, é claro, das participações relâmpago de diversas personalidades e estrelas do Rock antigas e atuais.

Me lembrou muito meus anseios de adolescência, onde depois de assistir a shows de bandas desconhecidas em porões escuros, pensava: será que eu faria sucesso numa banda?

De vez em quando ainda penso nisso. A vida bem que poderia ser assim, né?

Valeu!
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