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quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dica de Quadrinhos: XIII - O Número da Aventura

Personagens carismáticos, bons diálogos, uma grande conspiração, trama cheia de reviravoltas, desenhos num estilo realista médio e cores chapadas (exaltando a aparência antiga) é o que esperar de XIII- O Número da Aventura.
Uma história francesa de espionagem e teorias de conspirações escrita por Jean Van Hamme e desenhada por William Vance com muita ação e aventura típicas de bons filmes da década de 60, 70 e início dos 80.

No início parece muito com A Identidade Bourne (livro de Robert Ludlum e filme com Matt Damon), mas acaba seguindo caminhos bem diferentes.

Um homem ferido a tiros é achado numa praia da costa dos Estados Unidos e resgatado por um casal de idosos. Eles percebem o número XIII (treze em romanos) tatuado na frente do seu ombro esquerdo.

O homem desperta sem saber quem é, e nenhuma memória de como foi parar na praia ou mesmo de sua vida anterior. Logo, logo, homens misteriosos aparecem a sua procura e pertubam a paz dos moradores do local tentando matá-lo.

O homem se descobre dono de várias habilidades e acaba matando seus perseguidores. Acha uma foto sua carimbada, onde aparece abraçado a uma mulher, num bolso de um dos mortos e decide investigar a origem da foto.

Acaba caindo nas mãos de outros homens que parecem conhecê-lo, consegue fugir de dentro de um banco com uma mala de dinheiro numa sequência espetacular, mas é capturado pelo FBI em seguida.

Os federais o interrogam e acabam lhe contando que ele foi o atirador responsável pelo Dia do Sol Negro, o assassinato do presidente dos Estados Unidos, que tinha acontecido dois meses antes.
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É aqui que começa uma grande caçada de gato e rato entre o espião amnésico, agentes do governo e também misteriosos homens liderados pelo cruel Mangusto, que querem eliminar o agente Treze a qualquer custo para impedi-lo de descobrir quem é o número um da conspiração (e de quebra sua própria identidade).
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Fiquei tão empolgado depois de ler o 3o. número que fiz questão de colocar o 1o. na mão de meu pai pra ele ler. Ele não lê quadrinhos há muito tempo, mas já começeu a ler a 3a. edição. (E tá demorando muito pra ler o resto.)

Apesar de parecer antiga, pois começou a ser publicada há 24 anos, a história continua bem atual e ainda não chegou ao seu final.

É claro que o auge e desfecho da conspiração presidencial acontece na já quinta história (terceira edição brasileira), mas o autor consegue inserir a cada história novos fatos e dúvidas sobre a real identidade do agente Treze, o que dá um novo gás a série, já que o amnésico continua a investigar seu passado.
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Isso foi o grande diferencial responsável pela longevidade e sucesso da série nesses anos todos.

E apesar de 24 anos parecer muito tempo pra nós, vale lembrar que a série começou numa publicação semanal, onde uma página por semana era publicada. Apenas depois da quarta história (200 semanas ou quatro anos) começou a sair em álbuns separados. E na Europa, apesar dos autores trabalharem em vários projetos diferentes, a estabilidade do mercado permite que publiquem um álbum de cada projeto por ano, podendo assim primarem mais pela qualidade das histórias.

Os álbuns brasileiros foram mensais e compilaram 2 álbuns franceses, ou seja, pra uma série que até agora tem quase 25 anos de vida e 18 álbuns originais tivemos por aqui 9 números publicados desde 2006 e estamos sem novas histórias do agente amnésico desde o início de 2007.
Os autores prometem terminar a série em breve. Espero que não demore pra sair o final no Brasil.

O agente Treze até agora já teve 5 identidades comprovadas, mas nenhuma confirmada de verdade. Apesar disso, posso dizer que é um prazer vê-lo investigar cada nova pista e se meter em novas encrencas e aventuras junto com o paternal general Carrington e a sexy major Jones.

O sucesso da série foi tanto na Europa que já gerou inúmeras adaptações pra outras mídias, inclusive um jogo bem legal de Playstation 2 e uns dois filmes pra TV com Stephen Dorff (como Treze) e Val Kilmer (como o Magusto) que devem sair em breve.
Um dos melhores lançamentos dessa safra de europeus da editora PANINI.
Valeu!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Dica de Livro: O Homem do Castelo Alto

Philip K. Dick (1928-1982) foi um cara revolucionário.

Mas, ao contrário da maioria dos escritores de ficção científica, ele não estava muito interessado em inventar modas ou prever tecnologias futuristas (apesar disso estar presente em suas obras).

Seu maior mérito foi dissecar a natureza dupla do ser humano.

Autores como Isaac Asimov, por exemplo, exploraram muito bem o dilema do que é ser humano através de comparações com robôs e inteligências artificiais, mas não chegam aos pés de Dick quando o assunto é duplicidade.

As obras mais conhecidas dele atestam isso.

Blade Runner- o caçador de andróides (com Harrison Ford), Vingador do Futuro (com Arnold Schwarzenegger), Minority Report- a nova lei (com Tom Cruise), O Homem Duplo (com Keanu Reeves), O Pagamento (com Ben Afleck) são alguns filmes baseados em livros e contos de Philip K. Dick.

Holywood deve ter fila de atores sempre que um filme baseado em obras dele é anunciado (é só olhar o naipe dos que estrelaram esses filmes).

No livro O Homem do Castelo Alto (Editora Aleph, 2007), escrito em 1962, essa duplicidade humana parece se estender pra própria realidade.

O que aconteceria se a Alemanha e o Japão tivessem ganho a 2a. Guerra Mundial? É o ponto de partida do livro.

A história se passa na década de 1960 e através dos olhos de quatro personagens principais (e alguns secundários), somos apresentados à situação política, econômica e social de um mundo dividido entre as duas principais potências do Eixo.

Os personagens principais são: um negociante de antiguidades americano de relativo sucesso; um artesão (um judeu que esconde sua identidade) que acaba de ser demitido da fábrica que falsifica essas antiguidades; um alto ministro do interior japonês que coleciona antiguidades americanas; e a ex-mulher do artesão que mora num estado distante e acaba sem querer se envolvendo numa conspiração alemã.

O fio de ligação de todas as histórias é um livro chamado O Gafanhoto Torna-se Pesado, lido em algum momento por todos os personagens que descreveria um mundo em que o Japão e Alemanha tivessem perdido a guerra. O Homem do Castelo Alto seria o autor desse livro dentro do livro, e provocaria algumas ações um pouco desesperadas de alguns personagens.

Outro artefato importante na história é o I Ching, o chamado Livro das Mutações, uma espécie de oráculo utilizado há alguns milhares de anos pelos chineses aqui no nosso mundo e plenamente conhecido e usado na história na parte "japonesa" dos Estados Unidos.

O interessante é notar que o autor demonstra realmente conhecer o oráculo e chega a citar vários trechos de suas linhas de acordo com as jogadas de moedas ou varetas feitas pelos personagens.

A pesquisa de Dick foi muito bem feita. Ele estudou a fundo a 2a. Guerra Mundial, além de ter alegar ter lido várias livros sobre o assunto e seus personagens, principalmente uma obra chamada A Ascensão e queda do Terceiro Reich, sobre a situação alemã antes, durante e depois da guerra.

Seus personagens são bastante críveis e a maneira dele traduzir seus sentimentos, pensamentos e preocupações prendem a atenção do leitor na primeira metade da história.

Depois da metade, quando você acha que não vai acontecer mais nada, Dick introduz de maneira bem peculiar a idéia de uma guerra fria entre Japão e Alemanha mostrando que mesmo uma aliança vitoriosa não fica junta pra sempre (situação preocupante entre os EUA e a URSS na década de 1960).

E isso leva o livro de maneira soberba a seu surpreendente (e um pouco anti-climático) final.

E apesar de ficar aquele gostinho de quero mais, penso que não poderia terminar de outra maneira. Afinal, a vida continua quer queiramos ou não. E o que é verdadeiro?

Não é a toa que livro ganhou vários prêmios destinados não só a livros de ficção científica.

A dobradinha ficção-na-realidade, realidade-na-ficção daria muito o que falar em várias obras posteriores como o filme Matrix (só pra citar uma das mais conhecidas).

E apesar de ser taxado como ficção científica, o livro não nos mostra muitos avanços tecnológicos estando mais pra uma ficção alternativa, gênero nomeado de uns 20 vinte anos pra cá.

Entretanto, pelo conjunto da obra, Philip K. Dick acabou ficando pra história como um grande escritor de ficção científica, mas pra mim n´O Homem do Castelo Alto, ele demonstrou seu talento pra ser conhecido como um grande escritor e ponto.

Valeu!

sábado, 5 de abril de 2008

EXPERIÊNCIA MULTIMÍDIA - Na Natureza Selvagem

Mês de março acabou. Meu aniversário passou. Uma experiência ruim subindo favelas no Rio ficou para trás.

Mas deu pra tirar algo de bom disso tudo. E foi graças a dica de um amigo.

Na natureza selvagem (Into the wild, 2007) é a história real de Christopher Johnson McCandless. Um jovem que se forma na faculdade com 22 anos, mas ao contrário de outros jovens não tem pretensões de arrumar um bom emprego, constituir família ou mesmo ganhar dinheiro. Sua intenção era realizar a aventura de sua vida.

Chris abandona (quase que literalmente) os pais e a irmã após a formatura e embarca numa viagem de dois anos por todo os Estados Unidos munido apenas da roupa do corpo, mochila com alguns acessórios e um carro que comprara com seu próprio esforço (e que não passaria da primeira semana de viagem).

O sonho de Chris era ir pro Alaska. Desde pequeno ele gostava de acampar com os pais e os avós. Leitor inveterado, seu tema preferido eram livros que falavam da vida selvagem. Seus autores prediletos eram Henry David Thoreau, Jack London e Leon Tolstoi. Autores que exaltavam a natureza e a capacidade do homem de viver sem os confortos da vida moderna.

Chris passa um ano e meio viajando pelos Estado Unidos, sem residência fixa e sem emprego certo, chegando até a remar pelo México e voltar, antes de tentar sua aventura final no Alaska. Até mesmo um nome diferente do seu ele assume. Em vários registros ele foi identificado como Alexander Supertramp, apesar de usar o nome e o sobrenome em ocasiões alternadas.

Esse treino de mais de um ano perambulando sem destino lhe deu a confiança necessária para entrar na natureza selvagem, como escrito por ele num dos cartões que enviou pra um amigo que fez numa das viagens.

Só que o sonho de Chris lhe valeu mais do que poderia pagar. Seu corpo foi encontrado em agosto de 1992 dentro de um ônibus abandonado que servia de abrigo para mineradores no meio da floresta na região de Fairbanks, estado do Alaska, EUA.

A suspeita é de que tenha morrido de fome e inanição, após comer por engano uma planta venenosa que tira gradativamente a força dos membros se ingerida continuamente.

Minha experiência com essa história começou ativamente com esse amigo que falou sobre o filme dirigido por Sean Penn e estrelado por Emile Hirsch.

Mas antes disso eu já tinha ouvido falar no filme por causa da trilha sonora de Eddie Vedder, o vocalista do Pearl Jam, uma das minhas bandas de Rock favoritas.

Baixei a trilha na internet, gostei e me interessei mais pela história.

Acabei não resistindo, e mesmo com as vacas magras de início de ano comprei o livro escrito por John Krakauer. Li num final de semana para só depois assitir ao filme.

O livro é meio que uma extensão e atualização da matéria escrita pelo autor sobre a vida de Chris numa conhecida revista de viagens americana em janeiro de 1993.

O autor teve acesso a vários documentos, pertences, além de diários e fotos tirados por McCandless durante a jornada. Também entrevistou várias pessoas que possam ter tido algum contato com Chris nesses dois anos que passou longe da família.

Família essa que teve o último contato com Chris na ocasião da formatura, onde fizeram ele prometer tentar um curso de Direito durante um jantar de comemoração. McCandless nunca mais falou nem com os pais, nem com a irmã depois disso.

Seu rompimento familiar e sua excursão pela América são retratados pelo autor como uma forma de tentar achar a própria personalidade, depois de anos de decepções e repressão familiar por parte dos pais.

O autor (ele mesmo um trilheiro e alpinista) ainda inclui no livro narrativas de outros viajantes semelhantes a Chris que também tiveram fins parecidos, além de uma experiência própria, como uma forma de tentar achar um motivo, ou mesmo justificar as decisões e o amor do rapaz pela natureza.

O filme, apesar de se tratar só da história de Chris, vai na onda do livro e aproveita todo o caminho que Krakauer já tinha aberto em sua pesquisas e mais uma ou duas cenas que o livro não chega a descrever.

Sean Penn acerta o filme nos detalhes. A escolha e direcionamento dos atores revelam atuações minimalistas e nem um pouco forçadas de todo o elenco, em especial para Emile Hirsch, que teve que emagrecer bastante durante a filmagem por causa da transformação de Chriss. Mas o maior destaque acabam sendo a trilha sonora e a fotografia.

Filmado nos mesmos lugares em que McCandless teria passado, o filme traz paisagens belíssimas que quase chegam a justificar o desejo do jovem de se viver ali longe de todos.

As músicas de Eddie Vedder, compostas especialmente pro filme, revelam o clima ideal e quase que traduzem os pensamentos do jovem pro espectador.

Dizem que o filme demorou dez anos pra ser feito, pois Penn quis acertar todos os detalhes com o autor do livro, a família e os personagens envolvidos nas viagens de Chriss pela América. Que bom que conseguiu. Fez um filme bem legal e fiel ao livro, apesar do final trágico.

Assisti ao filme com minha família na sala lá de casa depois de baixá-lo, colocar legendas e convertê-lo pro formato de DVD players. (A quem possa interessar: Não pretendo abrir um comércio, e só faço isso pra meu uso pessoal.)

Minha mãe, obviamente, não gostou do filme, pois sentiu mais a dor dos pais do que tentou entender o sonho de Chriss.

Acho que meu pai e meu irmão gostaram do filme, pois conseguiram perceber que depois de tudo que havia passado, uma das últimas coisa que McCandless escreve em um de seus livros é: A Felicidade só é verdadeira quando compartilhada.

E essa é a grande mensagem que a história trágica desse jovem passa. E por isso eu quis compartilhar com todos.

Valeu!
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