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domingo, 21 de dezembro de 2008

Dica de Quadrinhos: Supremo, a história do ano

Depois de MoonShadow aproveito para postar mais um texto dando dica sobre quadrinhos.

Esse eu escrevi em 2006, mas dei uma atualizada antes de postar aqui.

Boa pedida pra quem gosta de super-heróis.

Supremo, a história do ano.
Comprei em dezembro/2005, numa banca aqui do RJ, uma caixa com as três edições da editora Brainstore por apenas R$49,90 (Tava R$89,90 no submarino).

Supremo é uma espécie de Super-homem do universo de heróis da editora Image Comics, uma rival das poderosas Marvel Comics (lar do Homem-aranha, Hulk, X-men e etc.) e DC Comics (lar de Batman, Superman, Liga da Justiça e etc.).

Só pra situar: a Image Comics foi formada no início dos anos 90 por desenhistas de sucesso insatisfeitos com o tratamento dado na Marvel e na DC. Depois disso, uma avalanche de novos personagens, quase todos copiados de outras editoras, invadiu as bancas e foi sucesso por um tempo (principalmente pelos desenhos), mas isso não durou muito. Logo, o público, e os donos da editora, é claro, perceberam que apenas bons desenhos não sustentavam as vendas.

Foi por causa disso que roteiristas profissionais foram chamados para tentar salvar as vendas dos personagens da editora.

O inglês Alan Moore, escritor de V de vingança, Do inferno, Watchmen e outros, foi um deles e nos presenteou com Supremo, a história do ano.

Supremo começou a atuar como Kid Supremo nos anos 30, cresceu (abandonando o título de Kid), fez muitos amigos e (mais ainda) inimigos, sofreu várias reformulações, mas ainda está na ativa hoje em dia.

A história começa quando Supremo acaba de voltar do espaço depois de uma longa viagem e encontra algo de errado com a realidade. Sem aviso, é abordado por quatro versões diferentes dele mesmo.

Entre elas: um rato gigante estilo Supermouse, uma sexy mulher negra com cabelo Black Power e o primeiro Supremo dos anos 40 (que só dava grandes saltos e não voava).

Por achar ser culpa deles a realidade estar estranha, Supremo os ataca e eles lutam por um breve período.
As versões acabam lhe convencendo a acompanha-los através de um portal.

Uma cidadela gigantesca os espera e Supremo descobre que o local é uma espécie de limbo pra onde iam todas as versões do Supremo e também de amigos, parceiros e mascotes do Supremo que já tinham tido sua chance e não faziam mais parte da cronologia atual do personagem.

Ele encontra desde cachorros e macacos Supremos até reis Supremos e Supremos alienígenas, além de todas as suas namoradinhas de infância, seus parceiros mirins e seus amigos repórteres que trabalharam com ele no rádio.

É claro que o Supremo atual não se lembra de nenhum daqueles, então lhe é explicado que ele obteve uma honra que nenhum Supremo jamais teve: visitar a dimensão Suprema antes de iniciar sua vida na cronologia atual.

Ele é saudado por todos os Supremos e então volta a Terra pra iniciar sua própria cronologia.

A partir desse início incomum (que só poderia ter saído da cabeça do Moore), Supremo assume seu novo emprego de desenhista de quadrinhos de super-herois (um campo ótimo pro Moore colocar suas opiniões sobre a mitologia e o mercado na boca de outros personagens) e visita locais de seu passado.

Cada vez que ele chega em algum lugar importante somos brindados com histórias inteiras do passado do Supremo (mudando inclusive o estilo do desenho pra um mais parecido com o dos anos 40, 50 ou 60) e assim ele vai recuperando sua memória aos poucos.

Velhos amigos reaparecem, Aliados voltam a ativa, parceiros mirins são reencontrados e antigos vilões ressurgem mais poderosos, porém com o mesmo ódio.

É nessa história que o personagem criado pelo infame desenhista (e dublê de roteirista) Rob Liefeld deixa de ser apenas um plágio para se tornar uma grande homenagem do escrito Alan Moore ao Homem de Aço ou simplesmente "a história definitiva do Super-Homem" como disseram alguns veículos de imprensa na época do lançamento.

A maioria dos personagens que já tiveram alguma importância na história do Homem de aço nesses 70 anos de existência tem suas versões nessa história do Supremo.

Até mesmo os nomes de personagens com consoantes duplas aparecem ali (é só ver seu arqui-inimigo Darius Dax, o gênio do crime, pra citar um dos exemplos).

Moore passeia com maestria por todos os clichês de histórias clássicas de super-heróis sem ser repetitivo ou previsível (tem até uma máquina do Darius Dax que transfere poderes!). Bem legal!

Em relação a edição da Brainstore: pra começo de conversa a impressão não tá muito boa. Os desenhos (na maioria feito por artistas seguidores do estilo musculoso dos anos 90) estão desfocados e borrados, o que dificulta um pouco a apreciação da revista.

Se o leitor conseguir superar esse detalhe a chance de se gostar da história é grande. (Também, é padrão Alan Moore de qualidade, né?)

Outra coisa: quem for comprar a revista pela capa esperando ver desenhos do quadrinista e pintor Alex Ross pode se decepcionar, pois além da capa, a única contribuição artística de Ross na revista são duas páginas de rascunhos pra um novo uniforme (que nem aparece na história) do personagem no final de cada edição.
Há pouco tempo a editora Devir lançou uma nova edição nacional de Supremo, a história do ano, inclusive com um quarto álbum escrito pelo Moore intitulado A Era Moderna (que a Brainstore não chegou a lançar), mas não vi nenhuma das novas edições ainda pra avaliar se a impressão melhorou. Espero que sim, pois a história merece.

Resumindo: Supremo de Alan Moore é uma ÓTIMA pedida pra quem é fã incondicional do gênero super-herói (com destaque pro Super-homem, é claro) e estiver disposto a ignorar alguns erros e decepções da edição da Brainstore pra apreciar as idéias, textos, homenagens e maluquices do escritor inglês Alan Moore.

Valeu!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Dica de Quadrinhos: MoonShadow

Fim-de-ano logo aí, férias começando e o blog voltando.

Como já fazia um tempo que não escrevia nada aí vai uma dica de um dos meus quadrinhos preferidos e que marcou muito uma época da minha vida.

Numa época diferente da atual, em que os quadrinhos pintados eram visto com estranheza e uma série em 12 edições em formato americano era coisa difícil de se imaginar no Brasil, a editora Globo teva a coragem de lançar MoonShadow: Um conto de fadas para adultos nas bancas nacionais.

Escrita por J. M. DeMatteis e ilustrada por pintores do nível de Jon J. Muth, Kent Williams e George Pratt, essa série (lançada lá fora em 1985 e editada aqui em 1990) conta a história de vida do personagem título, desde antes de sua concepção até a perda de sua inocência, aos 16 anos.

Com grande influência da cultura hippie norte-americana (da qual a mãe de Moonshadow fez parte), refletida principalmente nos nomes de lugares e personagens, DeMatteis (que era conhecido até então pelo seu trabalho na Liga da Justiça em sua fase engraçada) arma a história do despertar de um menino para a fase adulta recheada de referências literárias, aventura, suspense, loucura, situações engraçadas, críticas a guerra, amor, morte, questionamento da própria existência e do lugar que cada um ocupa no universo e, enfim, tudo aquilo que nos acompanha na entrada para a maturidade.

Sob o ponto de vista de um Moonshadow há muito já adulto, começamos acompanhando a história de sua mãe, a hippie Sunflower, de como ela foi raptada, largada, casada, engravidada, e largada novamente pelos alienígenas G L'Doses, grandes bolas brilhantes e sorridentes sem nenhum propósito compreensível de existência, a não ser capricho, no auge dos protestos contra a guerra do Vietnã.

Nascido num lugar chamado de Zôo, onde viviam seres de várias outras raças também raptados e largados lá sem nenhum motivo aparente pelos caprichosos GL'Doses, o garoto cresce acompanhado pelo amor incondicional de sua mãe e tendo como únicos amigos: um gato preto chamado Frodo; um bicho, de origem desconhecida, peludo, mau-humorado, boca-suja e louco por sexo, conhecido como Ira (que lembra o primo It da Família Adams na aparência); e, a pedido de sua mãe, a maior e mais incrível biblioteca da Terra, único presente que recebera de seu sorridente pai desde de seu nascimento.

Ouvindo as histórias da mãe, se aventurando no meio de alienígenas pelo Zôo com Frodo, ocasionalmente sendo enxotado e xingado pela escolhida figura paterna de Ira (a quem amava apesar de tudo) e amando e devorando as histórias dos livros de sua biblioteca, Moonshadow se torna um adolescente sensível e sonhador.
Até que aos 14 anos, seu pai (a bola brilhante e sorridente) o expulsa do Zôo, junto com sua mãe, Frodo, Ira e uma nave especialmente preparada pra eles, sem nenhum motivo aparente.

É então que ele inicia, em sua próprias palavras: "sua jornada para o despertar", conhecendo a morte, a loucura, a guerra e o amor até sua entrada na vida adulta.

Quando comprei todas as doze edições juntas num sebo em 1997, admito que não dei muito crédito e só procurava algo pra fugir da espera pelas histórias do Super-Homem e dos X-men que demoravam um mês inteirinho pra continuar nas bancas. Foi só começar a ler pra ter aquela impressão de estar segurando ouro nas mãos.

Foi a melhor história que tinha lido até então.

É claro que isso já tem mais de dez anos e eu tinha praticamente a mesma idade de Moonshadow.

Tive que relê-la há pouco tempo pra poder detalhar melhor minha opinião e, principalmente, ver se ela continuava a mesma.O texto de DeMatteis, possui uma qualidade quase poética, como se fosse mesmo um conto de fadas (cada edição se inicia com a citação de um autor de lingua inglesa) e as pinturas dos quadros complementam muito bem a atmosfera da trama.

Em muitos momentos você sabe da história apenas pelo texto, tendo as ilustrações uma função só de contrapor a beleza estética-visual com a beleza da prosa poética como num livro infantil. Isso faz com que a narrativa em quadrinhos fique parada e sem vida em algumas ocasiões e esse é um dos poucos defeitos da obra.

Hoje percebo também que o texto se torna cansativo, conforme a história ruma para o final, mas nada que as belas imagens, a expectativa criada pela história e a simpatia pelos personagens não salvem.

Afinal, depois de uma jornada tão rica o final já não é mais tão importante quanto era no início.

Todos deveriam dar ao menos uma lida em Moonshadow, afinal, todos nós, no fundo, somos, seremos ou já fomos como ele um dia.

Valeu!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Dica de filme: Não Por Acaso

Não por Acaso é um filme brasileiro de 2007 dirigido por Philippe Barcinski e estrelado por Rodrigo Santoro, Letícia Sabatella e outros.

É um filme bastante melancólico, mas bem interessante.

O filme trata de recomeços narrando duas histórias que só tem em comum uma mesma tragédia que acontece a dois homens.

Pedro (Santoro) é um marceneiro de 30 anos, especializado em mesas de sinuca que mora com a namorada num apartamento encima de sua oficina.

Ênio (Leonardo Medeiros, o prefeito da novela A Favorita) é um engenheiro de trânsito de 40 e poucos, solteiro e que trabalha controlando o tráfego da conturbada cidade de São Paulo.

Além de marceneiro, Pedro é um ótimo jogador de sinuca, já tendo ganho vários torneios do jogo. Ele espera sua namorada completar sua mudança para o apartamento dele quando o pior acontece.

Ênio é um cara metódico e solitário que acaba de receber a notícia que sua ex-mulher voltou a morar no Brasil. A ex-mulher é seu grande amor, mas é casada e vive muito bem, abrindo uma livraria na cidade.

Ela o procura e lhe diz que a filha adolescente gostaria de conhecê-lo. Ele recusa, não querendo atrapalhar a vida de ninguém e achando que aquilo poderia mudar muito sua própria vida.

É nesse ponto, por volta de uns 20 minutos de filme, que acontece a virada na história. O mesmo acidente tira a vida tanto da namorada de Pedro, quanto da ex-mulher de Ênio e eles vão ter que viver um dia de cada vez, aprendendo suportar as consequências.

Na vida de Pedro aparece Lúcia (Letícia Sabatella, muito linda), uma mulher moderna e prática, que aluga o apartamento que era de sua namorada e acaba sendo sua promessa de volta a socialização.

Na vida de Ênio, sua filha Bia força a entrada aos poucos e ele tem que aprender a ser pai depois de quase 16 anos de solidão.

Uma sequência memorável é a do acidente que mostra a diferença que dois segundos podem fazer na sua vida.

Outra bem legal é a narração apaixonada de Ênio em que compara de forma bastante simples o estudo do trânsito de grandes cidades com a Mecânica dos Fluidos, uma área de estudo de Física avançada.

Uma que também não dá pra esquecer é o mergulho no pensamento de Pedro quando ele calcula as probabilidades do jogo no campeonato de sinuca.
 
Direção firme e impecável e atuações na medida certa para os personagens, sem falar na própria cidade de São Paulo que por si só é um grande personagem do filme.

E da linda e melancólica trilha sonora que acompanha perfeitamente o ritmo da narrativa.

São belíssimas as imagens do filme. E foi através dele que fiquei com vontade de conhecer essa cidade feita quase toda de concreto, mas com uma ou outra pérola escondida no meio dela.

É engraçado como o filme faz com que o concreto não esconda a beleza de São Paulo. Não se vê muitas árvores, é claro, mas é um outro tipo de beleza. A beleza dos prédios e formas produzidas pelo homem.

Me fez querer andar ali e sentir um pouco daquela selva de pedra junto com os personagens. Bem legal.Vi o filme no cinema no fim de 2007 e estive andando pelas ruas da cidade agora em agosto de 2008. Gostei bastante. Tenho certeza que um dia eu volto lá.

Valeu!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Dica(?) de filme: Nome Próprio


Vi nesse fim-de-semana o novo filme da atriz Leandra Leal (a Elzinha da novela Ciranda de Pedra).

Não sei se o recomendo. Mas quero falar um pouco do filme aqui.

O filme acaba de ganhar o prêmio de melhor filme, melhor atriz e melhor diretor de arte no 36º. Festival de Cinema de Gramado.

Os outros dois podem até ser válidos, afinal é o cinema brasileiro se auto-premiando, mas merecido mesmo foi o de melhor atriz.

Pra fazer tudo o que essa menina fez em frente da câmera tem que ter coragem. Mas ainda não sei se recomendo o filme.
Bom, pra começar um pouco da história (?).

Camila é uma jovem brasiliense que mora em São Paulo e acaba de ser expulsa de casa pelo namorado. Ela tem um blog. Escreve diariamente no seu computador. Tem até alguns fãs e pessoas que comentam sempre seus textos na internet.
Vai morar no quartinho de empregada de um amigo. Seu projeto atual é escrever um livro. Decide aproveitar esse tempo extra que acabou de arrumar pra tentar e acaba descobrindo um pouco mais sobre si mesma e a vida no processo. As palavras se sobrepõem na tela. Camila consegue um apartamento. Se decepciona, ficando com mais homens (e até uma mulher). E só.

Contando assim parece poético. Pode até dar vontade de ver filme, né?

O filme tem sim alguma poesia, mas isso é alternado com cenas de sexo, (muitos) palavrões, escatologias, bebidas, fumaça de cigarro, obsessões e choro. Tudo isso numa espiral descendente que envolve a personagem numa tentativa caótica de autodestruição a princípio motivada pelo rompimento com o namorado.
Digo a princípio, pois ela pega mais uns três desconhecidos (e uma amiga) no filme e isso faz você até esquecer do primeiro cara.

Camila fuma e bebe. E muito. Bebe álcool como se fosse sua única fonte de nutrição e fuma como se precisasse daquilo pra respirar.

Camila é nojenta. Leandra Leal está nojenta. (E mereceu seu prêmio de melhor atriz).

É um daqueles filmes que exigem total entrega e comprometimento da atriz e muito estômago pro espectador agüentar até o final.

Na sessão em que estive, uma velhinha e outra moça levantaram na metade filme e não voltaram. Fico pensando em quantas sessões do filme essa cena se repetiu.

Talvez não tenham agüentado os palavrões (sempre presentes em filmes nacionais) ou quem sabe não agüentaram ver a personagem fazer tanta (não resisti ao palavrão) merda.

Que o diretor Murilo Salles faz questão de mostrar sem medo e em closes. Talvez por isso deve ter tanta gente falando bem do filme. E deve ser por isso que ganhou o prêmio de melhor filme em Gramado. Não sou muito fã de cenas feitas apenas pra chocar a platéia (alguns chamariam essas cenas de naturalistas).

O filme é baseado em dois livros e outros textos de Clarah Averbuck, uma jovem de 29 anos que nasceu em Porto Alegre e veio a São Paulo em 2001 pra ser escritora. Já teve três livros publicados e foi campeã de acessos em blogs da Internet. E ela diz várias vezes em seu blog atual que não é a Camila do filme.

Também diz que se orgulha de ter conseguido vender os direitos de seu primeiro livro pro cinema (onde aí sim colocou experiências pessoais) e que a Camila do filme foi mais composta pela mente de Murilo Salles, Leandra Leal e equipe, do que por ela. Será verdade?

Bom, voltando ao filme, pra quem possa interessar, existem sempre as cenas de nudez. E de sexo, claro.

Leandra Leal já começa o filme nua. Depois fica de camisão e calcinha. Alterna alguns vestidos. Muda algumas camisetas. Fica nua de novo. Bota um sutiãzinho pra disfarçar. Fica nua mais um bom tempo. Veste uma roupa e aí o filme acaba.
E quem quiser ver tudo isso tem agüentar as outras cenas. Algumas desconfortantes e, pra mim, desnecessárias a história.

Mas quem sou eu pra falar? Só sei que nunca mais vou olhar a doce Elzinha da novela das seis da mesma maneira.

Valeu!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Dica de Livro: Artemis Fowl

Artemis Fowl é o Menino Prodígio do Crime numa série de cinco livros publicados atualmente e com mais um pronto pra ser lançado.

Acredito que tenha sido uma espécie de resposta do autor Eoin Colfer ao sucesso de Harry Potter.

Só que Artemis não é um aprendiz de mago e (pelo menos no primeiro livro) quase nada bonzinho.
Herdeiro de uma rica família de trapaceiros e criminosos, ele é obrigado a assumir a cabeça da família depois que seu pai desaparece misteriosamente tentando fazer um negócio legítimo e sua mãe fica depressiva.

Dono de uma inteligência incomum pra alguém de sua idade, Artemis (de apenas 12 anos) bola esquemas mirabolantes, até que se depara com algo que só existia em suas fantasias de infância: as fadas existem!

No primeiro livro, montando um estrategema sórdido e acompanhado de seu mordomo-guarda-costas-matador Butler, ele bola um plano pra sequestrar uma fada e fazê-la entregar toda sua magia e o lendário ouro das fadas.

O problema é que o mundo das fadas não é mais tão mágico e inocente como mostram os livros infantis. É o que ele descobre ao sequestrar a elfa Holly Short, capitã da LEPrecon, a polícia do mundo das fadas.

Caberá ao povo das fadas (moradores do subterrâneo), auxiliados pelo centauro-engenheiro Potrus e pelo anão-ladrão Palha Escavator enfrentarem Artemis e libertarem a capitã Holly.

Mas o garoto-da-lama (como o povo das fadas chamam as pessoas da superfície) não vai ser tão fácil de enganar quanto eles esperam. E isso é só o primeiro livro!

Com uma narrativa bastante dinâmica, cinematográfica e cheia de reviravoltas, o autor conseguiu me prender o suficiente pra ler os primeiro quatro livros quase um depois do outro (e depois de dois anos de espera já me preparo pra ler o quinto). Muito Bom!

Breve resumo dos outros Livros

No segundo livro Artemis Fowl: Uma Aventura no Ártico, Ártemis obtém pistas do paradeiro de seu pai no Círculo Ártico enquanto a LEPrecon encontra bandidos Goblins com armamentos sofisticados demais pra sua própria inteligência. Todas as pistas apontam pra Ártemis, que dessa vez não tem nada a ver com a história. Dessa vez ele será obrigado a ajudar o povo das fadas em troca de ajuda pra resgatar seu pai da Máfia Russa.

No terceiro livro, Ártemis Fowl: O Código Eterno, Ártemis constrói um supercomputador com tecnologia roubada do mundo das fadas e tenta chantagear um empresário americano inescrupuloso chamado John Spiro pedindo uma enorme quantia em ouro em troca de não colocar sua invenção no mercado e abalar a economia mundial. O problema é que algo sai errado, o computador é roubado e Butler fica mortalmente ferido. A capitã Holly Short vai investigar o uso da tecnologia das fadas e acaba obrigada a ajudar Ártemis a recuperar o computador antes que o código eterno que o bloqueia seja desvendado e o povo das fadas acabe exposto ao humanos.
O quarto livro, Ártemis Fowl: A Vingança de Opala, começa com Ártemis sem nenhuma memória do povo das fadas ou de suas aventuras anteriores (isso é explicado no final do terceiro livro). É então que Opala Koboi, a elfa que deu armas aos Goblins no segundo livro, foge da cadeia e arma uma arapuca pra capitã Holly Short. Acusada de traição, Holly terá que fugir pra superfície e procurar o único que pode ajudá-la a provar sua inocência: Ártemis Fowl. Ele terá que recuperar sua memória, ajudar a capitã e impedir os planos de Opala para destruir a cidade das fadas.

Em relação ao quinto livro, Ártemis Fowl: A Colônia Perdida, só posso dizer que lerei brevemente.

Os dois primeiros livros são com certeza os mais eletrizantes. Tanto que ganharam vários prêmios de literatura infanto-juvenil da Inglaterra e fora dela.
Um sexto livro chamado Artemis Fowl: Time Paradox está pra ser lançado lá fora e especula-se que chegue no final do ano ao Brasil.

Um filme sobre o Artemis está sendo preparado há algum tempo em Hollywood, mas o projeto sempre engasga e pára por alguma coisa. Boatos sobre atores, roteiristas e diretores invadem os sites de entretenimento vez ou outra.

Outra coisa interessante são os códigos inseridos pelo autor Eion Colfer nos rodapés das páginas de cada livro. No primeiro livro Artemis só consegue contatar o povo das fadas depois que decifra o dificílimo idioma do povo. Desde então o autor coloca frases cifradas, saudações e brincadeiras em cada livro baseando-se no código explicado por Artemis na primeira história.

Existem muitas comunidades no orkut e milhares de sites de fãs na internet criados pra discutir Artemis e os códigos que o autor Eoin Colfer inventa. Uma bom entretenimento pra quem gosta de desafios: a diversão não termina depois que a história acaba.

Uma adaptação em forma de HQ do primeiro livro da série foi lançada na Bienal do Livro de São Paulo agora em agosto. Eu tratei de garantir a minha. Bem legal pra quem não leu o livro, mas nem tanto para quem leu.

O autor prefere focar na ação e a história perde um pouco de seu charme terminando muito rápido e ficando muito superficial.

Mas não pense que só crianças ou adolescentes podem apreciar as histórias de Artemis. A narrativa fluida de Eoin Colfer tem o frescor das boas histórias: não subestimam a inteligência de seu leitor, ou seja, servem pra todas as idades.
E eu ainda prefiro Artemis ao Harry Pottter.
Valeu!

sábado, 23 de agosto de 2008

Filme: Fonte da vida

Uma linda história de amor que ultrapassa os séculos. Uma busca obsessiva pela manutenção da vida.

Um filme tocante e extremamente sensível. Mas também controverso. Ou você gosta ou não.

Fiz uma sessão particular na casa de um amigo e ninguém gostou.

Acho que é tudo uma questão de entendimento. Se bem que eu mesmo admito que a história dá margens a algumas interpretações.
O filme tem três momentos distintos.

Começa com um explorador espanhol no século XV prestes a descobrir a lendária Árvore da Vida que cura todos os males e concede a juventude a quem bebe de sua seiva.

Passa rapidamente pra um futuro distante onde um monge viaja numa bolha transparente pelo espaço na companhia de uma árvore em direção a uma estrela moribunda.
Volta pro presente onde um médico faz pesquisas em macacos na intenção de poder curar o tumor que ataca sua própria esposa.As três histórias se alternam durante o filme inteiro indo e voltando até o clímax.

O que liga estas três histórias, a princípio, é o ator Hugh Jackman (o Wolverine do filme dos X-men) que faz todos os três papéis masculinos.

Mas, à medida que o filme avança, percebemos outras ligações entre as histórias.

Além da linda atriz Rachel Weisz (aquelas dos primeiros filmes da Múmia), que faz o papel feminino e também aparece nas três histórias, temos a árvore como elemento constante no filme, além da busca obsessiva dos três homens pela cura e manutenção da vida.Conforme assistimos, obtemos várias pistas de que os três homens podem muito bem ser a mesma pessoa.

É aí que o filme começa a ficar confuso pra maioria das pessoas, pois ao concluir as três linhas narrativas o diretor Darren Aronofsky (autor dos filmes Pi e Requiem para um sonho) provoca interações entre elas que acabam deixando margens a muitas interpretações.

Admito que fiquei confuso e saí do cinema pensativo igual a maioria das pessoas, mas agora penso que o final não podia ser diferente.

Na comunidade do filme no orkut as pessoas discutem algumas destas interpretações. Tem gente que diz que único plano existente é o do médico, sendo os outros dois planos uma interpretação mental criados pelo diretor pra explicar a motivação do personagem.

Na primeira vez que vi o filme, saí do cinema pensando quase isso. Achava que o passado e o suposto futuro seriam uma metáfora pra contar a história de amor do médico pela sua esposa, mas agora que já vi o filme três vezes acho algo um pouco diferente.

Pra mim o passado é mesmo uma metáfora criada pela esposa do médico para retratar a busca frenética do marido por algo que possa salvá-la. Tal qual um cavaleiro explorador fanático faria em devoção a amada sua Rainha.

Já o futuro seria o próprio médico após ter alcançado a imortalidade, mas ainda obsessivo, agora tal qual um monge por sua rotina em busca da iluminação. É aí que o filme acaba, num misto de frustração e desespero que só termina quando ele faz o que sua esposa pedia pra ele há muitos anos atrás.

A iluminação final pode vir das coisas mais simples.
É claro que vocês podem discordar de mim, mas só depois de terem visto o filme, né?

Acima de tudo não passa de uma história de amor com momentos emocionantes e uma linda fotografia, repleta de imagens belíssimas banhadas constantemente por luzes douradas (nas três histórias), além da trilha sonora que me fez chorar em alguns momentos.

Eu recomendo, mas.... será que você gostaria do filme?
Valeu!

sábado, 26 de julho de 2008

Dica de Quadrinhos: Y – O último homem

Essa foi uma série que me deixou bastante apreensivo e preocupado.

O que aconteceria se os homens (e machos com cromossomo Y) morressem de uma hora pra outra?

É claro que nem todos morreram. O jovem Yorick Brown, de vinte e poucos anos, ainda está vivo. Bem como seu macaquinho Ampersand. Mas não se sabe como. Ou mesmo porquê.

Se isso acontecesse comigo ou com você, com certeza imaginaríamos mil coisas, muitas delas de ordem sexual, mas a verdade é que algumas fantasias deveriam existir apenas dentro da nossa própria cabeça, pois são desastrosas quando aplicadas na vida real.

Brian K. Vaughn não fez isso. Ele tentou realizar essa fantasia masculina primordial ao escrever uma série de quadrinhos pelo selo Vertigo da editora americana DC Comics (a mesma de Batman, Superman e companhia).

Pra quem não sabe o selo Vertigo é um braço da DC Comics especializado em quadrinhos com temática adulta (não confundir com pornográfica) e foi o lar de séries aclamadas e polêmicas como Sandman de Neil Gaiman, Preacher de Garth Ennis, John Constantine: HellBlazer e muitas outras.

Num mundo bem parecido com o nosso, os homens começam a morrer de uma hora pra outra. Em questão de poucos segundos todos os seres vivos com o cromossomo Y em sua genética começam a passar mal, vomitarem sangue e desfalecem, deixando um rastro de destruição sobre a Terra.

Aviões despencam em pleno vôo. Acidentes de trânsito deixam vias congestionadas. Usinas nucleares acusam vazamentos de radiação. A bolsa de Tóquio fica silenciosa. Um jogo de futebol feminino no Brasil é interrompido, pois o juiz, seus ajudantes e maior parte da torcida cai ao chão. Um ônibus espacial perde contato com o centro de controle na NASA. Serviços essenciais de rádio, telefone e até mesmo a televisão param de repente sem maior explicação.Enfim, um verdadeiro prenúncio do apocalipse.

Não demora para notar que todos que ainda estão vivos e ilesos são mulheres. Menos Yorick. E seu macaquinho Ampersand, é claro.
Yorick é um jovem desempregado, formado em Letras, que estuda a arte do ilusionismo (a mesma arte de Houdini, David Blaine, Mister M e outros) e é apaixonado por sua namorada. No momento do desastre, ele falava com ela pelo viva-voz do telefone enquanto tentava sair de uma camisa de força pendurado de cabeça pra baixo no batente da porta de seu apartamento em Nova York.

Sua namorada estava na Austrália há algum tempo num programa de ajuda humanitária e não queria sair de lá tão cedo. Yorick acabara de lhe dizer que estava meio agorafóbico, não saía de casa há alguns dias e sentia muito a falta dela, proponde-lhe casamento logo em seguida. Foi quando aconteceu a tragédia. A maioria dos homens e machos do planeta estavam mortos.

E isso foi só a primeira edição de uma série de 60 números (cinco anos de publicação) que começa a ser publicada regularmente (espero eu) pela editora PixelMedia aqui no Brasil agora em julho.

A série original acabou em janeiro nos EUA e foi líder de vendas e crítica do selo Vertigo durante quase toda sua publicação.

Yorick primeiro vai atrás de sua mãe, que é deputada e mora em Washington. Depois procura sua irmã, uma paramédica que acaba entrando pra um grupo perigoso denominado Amazonas. Não achando sua irmã, tenta ajudar uma famosa biotecnóloga a entender o porquê da tragédia, mas é perseguido pelas Amazonas e caçado por outros grupos militares que ficam sabendo de sua existência. Isso complica muito a situação, quando só o que queria era ir até a Austrália saber a resposta de sua namorada ao seu pedido de casamento.

Tudo isso na companhia de Ampersand e de sua guarda-costas: a misteriosa Agente 355 da organização conhecida como Culper Ring, uma agência de espionagem que existiu de verdade, sendo criada por George Washington em 1778 e que estaria ativa secretamente (na ficção, é claro) até hoje sob ordem direta do presidente americano regente.

É interessante notar o tipo de discussão que o autor propõe na série. Não é só uma obra de suspense ou aventura. A todo momento os personagens citam a história americana e fazem comentários sobre o sistema político e social vigente. (O primeiro número tem até um comentário maldoso sobre Hillary Clinton).

A trama é muito bem contada e boa pra se fazer pensar. Será que um mundo governado por mulheres seria muito diferente do de hoje? Isso é que me deixou preocupado...

O escritor Brian K. Vaughn foi aclamado com essa série, recebeu vários prêmios e escreveu outros quadrinhos para a DC Comics e sua rival Marvel, além de já ter escrito mais de quatro episódios da série LOST (continuando escalado pra próxima temporada) e atualmente trabalha para levar Y – O Ùltimo Homem ao cinema.

Será que isso acontece antes de terminarem a publicação por aqui?

Não li todos os 60 números da série (na verdade só li mesmo os cinco primeiros), mas ela pode ser encontrada facilmente em sites pra download na Internet. Se der sorte algum grupo de fãs já pode até ter traduzido todos os números. Não custa procurar.

Mas como não gosto de ler por computador prefiro esperar a publicação completa da série (se bem que isso deve demorar um pouquinho...).
Muitas conspirações, revelações e reviravoltas ainda virão (já vi até um bebê menino e um homem de cabelos brancos em imagens de outro site, será Yorick?) e espero que consiga ler a série toda sem ter que apelar pro computador. Tomara que saia completa aqui no Brasil.

Valeu!
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